Nesta semana foi inaugurada a unidade de Jales do “Hospital de Câncer de Barretos”. A menção de Barretos é proposital. Ela quer ressaltar que a unidade hospitalar de Jales quer se guiar pelos mesmos parâmetros do famoso hospital de Barretos, que se tornou referência nacional no tratamento do câncer. Ela quer dizer que Jales vai contar com um hospital especializado no tratamento do câncer com o acúmulo de experiência, de organização, de competência e de humanização que caracterizam o hospital de Barretos, nascido do idealismo do Dr. Henrique Prata, que passou de pai a filho e continua suscitando a colaboração solidária de tantas pessoas, em toda a região e no Brasil inteiro.
Desta maneira, de um momento para outro, Jales se vê associada a uma iniciativa altamente exitosa, com fama em todo o País, depositária da admiração de todos e da confiança dos que precisam recorrer aos seus abalizados serviços.
Para Jales, um grande presente, fruto da confluência de diversas iniciativas que motivaram a decisão de instalar em Jales uma unidade integrada nos mesmos objetivos das duas existentes em Barretos, possibilitando o atendimento mais ágil e mais facilitado da população dos municípios que ficam próximos a Jales, evitando a ida de tantas pessoas até Barretos, e assegurando a integração das unidades para os atendimentos que exigem maior complexidade.
A inauguração deste hospital vem reforçar a vocação da cidade como referência regional. Esta vocação acompanha Jales desde os seus inícios, sobretudo a partir da escolha da cidade como sede de diocese, em 1959, quando foi criada a nova jurisdição eclesiástica com sede nesta cidade. A partir daquela data, Jales expressa não só a cidade, e o município, mas toda a vasta região compreendida pelos 46 municípios que compõem o território da diocese. Prova disto foi a instalação da Justiça Federal em Jales que acabou assumindo os mesmos limites da Diocese para a sua jurisdição.
Não deixa de ser significativa esta coincidência. O Hospital do Câncer é inaugurado no ano jubilar da Diocese, nas proximidades da celebração dos 50 anos de instalação da diocese, a 15 de agosto de 1960. No seu jubileu de ouro da Diocese, Jales é confirmada como cidade de referência para toda a vasta região que passa agora a ser atendida pela nova unidade hospitalar.
Sabemos quando é desafiadora a realidade do câncer. A medicina ainda não conseguiu desvendar por inteiro suas causas, nem dominar por completo sua evolução. Mas se a guerra contra o câncer ainda está longe de ser vencida por completo, muitas batalhas já foram ganhas, pela competência dos médicos e pesquisadores. Sobretudo no campo da prevenção, que é onde mais podemos otimizar os resultados já conquistados.
A presença deste hospital não proporciona só um atendimento mais humano e facilitado, mas nos associa a todos nas amplas frentes de batalha que o desafio do câncer nos proporciona.
Uma muito clara e evidente é, sem sombra de dúvidas, a questão dos agrotóxicos. Logo após a bênção ao novo hospital tive que ir às pressas à Brasília participar da reunião das Pastorais Sociais. Na programação do encontro tivemos um momento de partilha com integrantes do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA. De maneira muito lúcida e consciente, eles defendem a causa da agricultura familiar, cheios de razões de ordem social e econômica, mas sobretudo motivados por uma razão muito humana e muito consistente, como é a causa dos alimentos sadios, livres de agrotóxicos. Os dados trazidos por eles impressionam. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo. Somando os venenos aplicados nos últimos dois anos, daria uma média de cinco quilos de agrotóxicos para cada habitante. Venenos proibidos em outros países, continuam sendo aplicados aqui.
A proximidade de um hospital do câncer nos deixe mais alerta para prevenirmos a sua incidência. A começar pelo cuidado em escolher bem nossos alimentos.