resomar 28 de junho de 2010

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Como desistir de tuas lágrimas no labirinto da existência onde a melodia silencia teus poemas suados e sonolentos?…
Na superfície de tábuas encardidas, mergulhas na avidez atordoada,
segredos encaixotados em lâminas enferrujadas,
absoluto momento na emoção de um grito abafado no limite de tuas resistências…

Como desistir de um sonho (des)feito impregnado de solidão,
amarga verdade a rascunhar delírios e lutas?…
Renasces na indignação,
ousados passos a recordar desapontamentos e fronteiras interditadas…
Além do horizonte desvendas a dor de travessias escuras
geradas na busca impotente,
rascunhos contemplados em confrontos febris…

Como desistir de teus olhos se neles bebo o amor tumultuado imerso na sombra de galhos retorcidos?…
Palavras inacabadas queimam um passado pálido e faminto de ternura…
Percorres no indivisível mar, pegadas da primavera desnudada,
brisa de sensações soterradas,
soluços de madrugadas no outono de abraços doloridos…

Como prever teus receios no devorar tempestivo de Ser,
tempo presente entrelaçando muralhas no devaneio que transborda contratempos em súbitos deslizes de paixão?…

Enlouqueces no abandono,
vidraça opaca a soletrar um beijo cintilante abafando o desejo da fonte que murmura gorjeios de melancolia…

Como estacionar tuas mãos no vazio de suspiros,
face rasgada,
coração no avesso a enumerar mistérios da vida,
(des)encontros que perambulam em janelas molhadas,
abrigo sem teto,
boca faminta de agasalho?…

Como partir sem atingir a vibração do encanto,
flauta mutilada no descaso estremecido,
circunstâncias recuadas no deserto,
eternidade esquecida no tormento peregrino que invade a espera,
fragilidades soberanas alimentando a covardia que respinga em gotas de sangue?…

Colho a liberdade no espelho de tuas feridas abertas…
Em tuas mágoas, trapos afogam a beleza do sentimento…
Perfuro a chama na inversão lógica da rotina,
aromas empoeirados na fluidez confusa da distância que nos une…

Como desistir de ti?!

09.03.2010 ( 22:58h)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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