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Paulo Freire foi, na história da educação brasileira, um cidadão eticamente comprometido com o ato de educar e com a causa libertária de todo ser humano explorado e vítima de sistemas políticos ditadores, uma vez que, com os militares governando o Brasil, quase nada se fazia em benefício daqueles que nasciam no meio das classes sociais pobres, por isso mesmo, não podendo desfrutar de boa educação tornando-se impossibilitados de participar ativamente do processo político brasileiro.

Conheceu o “sabor” da violência dos opressores, mas nunca deixou de sonhar com uma realidade diferente em que homens e mulheres desafiados pelo mundo pudessem construir sua liberdade e por conseqüência conquistar sua cidadania a fim de, conscientes de seus papéis enquanto seres pensantes, tornarem-se agentes de um novo pensar político, envolvidos por uma nova maneira de, também, fazer educação.

Pensando politicamente diferente da elite de seu tempo, Paulo Freire sofreu amargas decepções e duras represálias que só aumentaram o seu amor pelos movimentos sociais e a sua coragem de poder, através da educação, idealizar um novo mundo, onde a participação coletiva estivesse a serviço da vida e do bem-estar social de todos.

Era sabedor das dificuldades que encontraria para fazer esse tipo de educação acontecer, pois as massas exploradas e fragilizadas pelos sistemas se achavam, ainda, incapazes de mobilizarem-se, com medo de não conseguirem caminhar, lideradas por suas próprias convicções de seres inferiores. Na “Pedagogia do Oprimido”, é evidente essa resistência quando Freire (2001) afirma que “um dos aspectos que surpreendemos, quer nos cursos de capacitação que damos e em que analisamos o papel da conscientização, quer na aplicação mesma de uma educação realmente libertadora, é o ‘medo da liberdade.” (p.23)

Como então se afirmar um educador libertador se o próprio explorado não se acha capaz de ser um homem e/ou mulher com possibilidades de reverter sua situação de “ser menos” dentro de uma sociedade cheia de diferenças e preconceitos? Paulo Freire não se intimida diante disso e, durante toda a sua vida, procurou deixar exemplos práticos de que o novo é possível e que a organização política das massas é fruto de uma educação pautada na luta por liberdade.

Paulo Freire morreu no dia 02 de maio de 1997…fato este pouco divulgado na mídia.

(*) Professor da Rede Pública Municipal de Santarém
Graduado Pleno em Pedagogia pela UFPA

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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