Em um silêncio estremecido percorro letras emudecidas lentamente para não assustar as folhas vigiadas no campo descoberto ao sabor do inesperado soluço…
Veias inflamadas,
mundo sombrio,
tentativas frustradas de (re)encontro,
passos perseguidos imersos na consciência ausente,
face molhada no cansaço trespassado pela (in)diferença de tua memória apagada em trêmulos arrepios…
Em um momento empoeirado dedilho no asfalto a poesia encarnada,
grito cantado no escuro dos sonhos,
parto dolorido no abandono de mãos esquecidas na esquina de ilusões…
Há mistérios em tuas incoerências,
inquietos sentimentos sobrevividos entre subterrâneos contaminados,
excrementos enfurecidos na revolução dos que não se entregam…
Em um beijo prateado o aceno da saudade eternizada na geografia sem fôlego e sem o eco de ondas embalando a solidão…
No tumulto de asas feridas vultos absorvem a ousadia necessária para não calar o amor,
livres artérias impulsionando a alma,
perfil retalhado em fios destentados de contradições…
Em tua face a química da prepotência,
descaso do vazio implacável,
mentes sangrando na aparência essência,
lábios surdos às náuseas de balas dispersas…
No espelho a fantasia enfeitiçada de rugas,
descaso e traições,
indefinido ser na estranha estação a carregar especulações,
teias amortecidas que se agitam em tua alma a contemplar a multidão na superfície da inutilidade do Não-Ser…
Na pressão envenenada de acasos carregas falsas verdades,
razões segregadas…
Na sabedoria discreta se despede a miragem do desespero…
Prosseguir é o movimento do cálice bebido na ironia poluída,
vitória dos que revelam no absurdo imaginário o perfume de paredes que
gotejam lágrimas de persistência e paixão!…
11.03.2010 – 00:18
Obs: Imagem da autora.