Os amigos mortos dormem
num canto da saudade.
Ávidos por liberdade,
não há túmulos que os guarde.
Emergem das sombras.
Nos aguardam sempre
para rápidas visitas
ou para o grande encontro.

Os amigos mortos surgem
às vezes à nossa frente,
pontuais a nosso apelo,
e nunca decepcionam.
Vêm sempre como, quando
e onde nós queremos,
com suas faces de luz minadas,
imaculadas e plenas.

Silenciosos, andam por onde
nem-vento-nem-pensamento.
Não perguntam, não respondem,
sequer nos roubam algum tempo.
Chegam quando os chamamos,
às vezes nos surpreendem.
Jamais pairam além de um
quase-espaço em breve momento.

Quando saem, não deixam
marcas nem levam nada.
Mansos e tênues, voltam
ao destino de estátua e nuvem,
em seus roteiros de mistério
e seus retiros de sombra,
até que alguém, em nós,
os chame para outro encontro.

Enquanto isso, a sós
e sem qualquer alarde,
se escondem, espreitam
e brincam de eternidade.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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