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Em data de 30 de abril de 2001, o Papa João Paulo II publicava carta apostólica, em que promulgava severas normas acerca dos delitos mais graves, reservados à Congregação para a Doutrina da Fé. Estas Normas, com o título que encima este artigo – em latim “DELICTA GRAVIORA”, “Delitos mais graves” – foram divulgadas em 18 de maio daquele ano, e assinadas pelo Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da citada Congregação, e o Secretário, Arcebispo Bertone. Notem as datas e os nomes.

Entre tais delitos sujeitos às penas mais graves, no número 3, cita-se: ”Delito contra a moral, isto é, contra a castidade, cometido por um eclesiástico com um menor de 18 anos”. A seguir, explica-se que tais delitos são reservados à Congregação da Doutrina da Fé e, conforme a norma do direito universal e comum, se extingue por prescrição em dez anos, notando que num delito contra um menor, cometido por um clérigo, tal prescrição começa a contar a partir do dia, em que o menor completar 18 anos. Veja-se bem que não é de hoje, nem por causa dos escândalos (Estados Unidos, Irlanda, Brasil e outros), explorados pela mídia nesses últimos meses, que a Igreja pela Santa Sé, vem tomando enérgicas providências de punição desses crimes. Ninguém pode aceitar que o Papa Ratzinger seja diferente do Cardeal Ratzinger.

Jorge Luiz Ribeiro, engenheiro metalúrgico e pós-graduado pela Fundação Getúlio Vargas, em artigo divulgado pela internet no site SEM MÁSCARA, faz observações bem pertinentes e algumas perguntas cáusticas, sob o título “O imbecil coletivo no ataque à Igreja”. Diz ele: “Agora o “Imbecil coletivo” volta em grande estilo na discussão da moda: a pedofilia na Igreja. É preciso ser muito idiota para não perceber que existe uma campanha global, muito bem orquestrada para desmoralizar a Igreja e o Papa. A Igreja, composta de criaturas humanas e, portanto, falíveis, ainda é o grande obstáculo às investidas dos destruidores da civilização ocidental: o ateísmo, o materialismo, o relativismo moral e, agora, o avanço islâmico, que estão destruindo nossa civilização. Por que se enfatiza tanto a pedofilia na Igreja e se silencia sobre a crescente erotização das crianças nos meios de comunicação? Por que a mídia não se preocupa em acusar os padres que violam o celibato, quando se sabe que tal ocorrência é milhares de vezes mais frequente que a pedofilia? Por que o silêncio sobre a perversão sexual de Mao Tse Tung, um dos maiores pedófilos da História? E sendo Mao, mito comunista, o Grande Timoneiro, por que ninguém extrapola a acusação de sua pedofilia para todos os comunistas, como se estende para a Igreja a acusação do mau procedimento de alguns poucos sacerdotes do mundo? É um misto de cinismo e incoerência o fato de que quem critica a pedofilia o faz baseado na moral cristã, que eles desprezam e combatem. Na história da humanidade, sempre existiu a pedofilia, que só o cristianismo veio condenar e combater sistematicamente.” Até aqui Jorge Luiz Ribeiro.

A Igreja é santa – por isso é acusada e perseguida – porque se espera dela só santidade e pureza. Não se pode dizer que os padres são criminosos; o correto é dizer que “criminosos se fazem padres”. Se a Igreja põe exigências na aceitação de seminaristas, excluindo na entrada pessoas que apresentam evidentes distúrbios de comportamento, logo surgem os “soi-disant” defensores da dignidade humana, que a acusam de discriminatória, opressora, não-respeitadora dos direitos humanos.

Afirmou o Cardeal Hummes na semana passada em Brasília: “[A pedofilia] é um problema gravíssimo, intolerável. A Igreja, no momento, está sendo a instituição no mundo que mais abertamente e, com maior rigor, está combatendo este crime.

O Papa já tem dito muitas vezes que não há lugar no ministério sacerdotal para pedófilos. Em Fátima, na semana passada, Bento XVI ensinou: “A maior preocupação de todo cristão, em particular das pessoas consagradas, deve ser a fidelidade e a lealdade à própria vocação; esta exige coragem e confiança.” Exortou os padres que “prestem particular atenção ao enfraquecimento dos ideais sacerdotais.” E pediu à Virgem de Fátima “ajuda para que não faltem vocações religiosas, para que não cedamos ao egoísmo, às seduções do mundo e às tentações do Maligno.”

A Conferência Nacional dos Bispos sintetizou com lucidez o problema em três atitudes: “Para o pecado, o perdão, para o crime, o castigo, para a patologia, o tratamento médico.”

(*) É arcebispo emérito de Maceió.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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