Espalhados pelos quatro cantos da cidade, com três viagens ao dia, nesta assembléia os bispos têm uma bela oportunidade de conhecer de perto esta cidade sui generis, que é Brasília, a capital do Brasil.

Ainda mais os que precisam passar todos os dias em frente ao palácio do planalto, seguindo pela esplanada dos ministérios, até chegar às proximidades da bela igreja dedicada a São João Bosco, o santo que ainda no século passado teria sonhado com Brasília, ao menos assim dizem os salesianos, membros da congregação que ele fundou.

Nunca um sonho rendeu tanto como este. Pois já nos inícios da construção da nova capital, todos necessitados das bênçãos de Deus e da proteção dos santos, os salesianos logo se fizeram presentes, e em homenagem ao seu fundador, apostaram de imediato na futura cidade, e assim garantiram espaços privilegiados para implantarem suas obras, traduzidas sobretudo em escolas, mas também em igrejas e santuários.

Pois bem, um dos locais mais importantes desta assembléia é a belíssima igreja dedicada a São João Bosco, bem no centro de Brasília, onde por perto se encontra também a sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio, onde se realizam as sessões de trabalho e as refeições.

O interessante é que em 1970 a CNBB também realizou sua assembléia em Brasília, para comemorar os dez anos da nova capital. De todos os bispos presentes naquela oportunidade, já não há mais nenhum na ativa. Só está presente D. José Maria Pires, carregando nas costas os seus noventa anos de vida.

Daquela vez, a assembléia foi realizada no subsolo da atual igreja de Dom Bosco, que ainda estava sendo construída. E D. José Maria Pires recorda que o próprio Juscelino, que ainda estava vivo, fez questão de explicar aos bispos o traçado da cidade de Brasília.

Foi lembrado outro dado pitoresco daquela assembléia de 1970. Era presidente da CNBB o Cardeal Dom Vicente Sherer, arcebispo de Porto Alegre. Pois bem, ele viajou de ônibus, de Porto Alegre a Brasília, para presidir a assembléia. O gesto impressionou a todos, e não deixou dúvidas sobre a personalidade de D. Vicente, simples e profundamente austero.

Agora a cidade já tem ares de metrópole. Caminha para os três milhões de habitantes. Até o trânsito está ficando complicado, apesar dos generosos espaços previstos por Lúcio Costa. É um sonho que se concretizou. Muito mais de Juscelino, certamente, do que de Dom Bosco.

Brasília está consolidada como a capital do Brasil. Até para facilitar os que precisam saber de cor as capitais dos países, como se fazia nos meus tempos de escola, quando não havia internet nem livros coloridos de geografia como existem hoje. Mesmo os mais esquecidos poderiam lembrar com facilidade: “Brasil capital Brasília”.

Quando na missa pela manhã foi lembrada a assembléia de 1970, e foi ponderado que dos participantes de então nenhum mais está na ativa, todos ficamos nos perguntando, mais ou menos assim: quando será que vai haver de novo uma assembléia em Brasília… Tão logo ninguém vai querer, não. Mesmo os que já se encontram perto da aposentadoria.

Pois bem, desta vez a assembléia leva a marca de Brasília. Em sua homenagem acontecem a assembléia e o congresso eucarístico. Na mensagem sobre o momento político, que será divulgada, toda a perspectiva se situa a partir de Brasília.

Os bispos fazem questão de ressaltar:

“A própria realização de nossa Assembléia Geral em Brasília, no ano do jubileu de ouro da cidade e da Arquidiocese, quer expressar o apreço por tudo o que significou para a nação o ousado projeto da construção da Capital do País em pleno planalto central. Brasília mostrou que o Brasil é capaz de se projetar para o futuro com as dimensões de grandeza que seu território e seu povo sugerem”. E acrescentam:

“Mas o jubileu de ouro de Brasília precisa se transformar em oportunidade para que a Capital recupere o seu simbolismo original, e se torne de fato fonte de inspiração para os sonhos de um país justo, integrado, desenvolvido, ecologicamente sustentável e honesto, que todos queremos”.

(*) www.diocesedejales.org.br

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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