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ACORDA, JOÃO!
JOÃO ESTÁ DORMINDO,
NÃO ACORDA, NÃO.

Depois que li
Do velho poeta
Lourival Açucena,
Evangelistas na missa,
O ódio tornar-se amor,
Borboleta em beija-flor,
Eu quero dormir.

Não o sono tranqüilo,
Hóspede reparador
De encantos e de mágoas,
Mas um sono revolto,
De areias movediças,
Imagens em câmera lenta,
Sem medo de nunca acordar.

Acorda, João!
Bão-balalão,
Mataram Simão.
Tão inocente, coitadinho,
Só porque pichava um muro da cidade,
Ele que era só esperança,
Tão autêntico nos seus sonhos,
Sem nenhuma vontade de morrer.

Povos de todo o mundo
Acordai João!

João é um nome,
Senta-se na praça,
Tem mãe e tem pai,
Às vezes medita,
Contempla o infinito,
Diz coisas de louco,
Mas louco não é.

Essa vontade de não acordar,
Essa revolta incontida,
Essa mágoa que transborda
Mistura alguns nomes,
Diz coisas tão tristes
É a essência de João!

Ele que é Rosacruz,
E reza na missa,
Decifra parábolas,
Vira o mundo para o ar,
Sofre dores de barriga
E também dores de amor!

Acorda João!
Acorda devagarinho,
Tome sentido no ar
E diga que ainda está vivo.

Acorda João!
Senão,
O mundo desaba sobre sua cabeça.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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