(Homilia no Culto Ecumênico de abertura da Campanha da Fraternidade 2010)
Recife, 20 de Fevereiro

“Este e o dia que o Senhor fez, exultemos e alegremo-nos nele”!

Se, na perspectiva do Concilio Vaticano II, o que interessa acima de tudo não são as instituições eclesiásticas e religiosas, mas a vida do Povo de Deus e o triunfo da justiça, acendia-se, naturalmente, o segundo holofote: se o foco, o padrão central de referência,é a Missão, então, a Unidade do povo cristão aparece como critério básico de fidelidade à aliança com Deus. Num mundo idólatra todo o Povo de Deus tem de estar unido na proclamação de Seu Nome e na defesa de Sua honra. A divisão só dá motivos para que “seja blasfemado o Nome de Deus entre as nações”. A justiça do Reino brilha como a questão maior, tudo o mais tem menos importância. Se não é assim, persistimos como grave motivo de escândalo.

Quem sabe, é o momento adequado para evocar a saudosa figura de Dom Helder, o amado e eterno Arcebispo de Olinda e Recife. Durante o Concílio, em entrevista a queima roupa no aeroporto de Paris, perguntado sobre o que pensava do Ecumenismo, prontamente respondeu: “Quando nós, as Igrejas cristãs, resolvermos assumir realmente as preocupações de Deus, que são as questões da vida de Seu povo, então haveremos de ter vergonha de nossas divisões, que nos aparecerão coisa tão pequenina”. Síntese perfeita de Missão e Unidade, síntese que ele mesmo viveu em sua própria vida, com o testemunho de ser, como gostava de dizer, uma criatura humana, e acrescentamos, uma criatura humana para além de todas as fronteiras.

Dom Fernando, ajude-nos a fazer renascer no Recife o “espaço fraterno”, de pessoas de diferentes denominações cristãs, onde possamos vivenciar novas relações de amizade, partilhar desafios missionários, dialogar sobre nossas diferentes tradições e ter condições de colaborar em iniciativas comuns a favor da vida de nosso povo tão sofrido, com tamanhas maiorias, agora já não só à margem da estrada, mas literalmente excluídas do banquete da vida. Se não o fizermos, este dia que o Senhor fez para nós corre o risco de degradar-se a fato episódico a ser recordado no folclore religioso da cidade. Este dia tem de ecoar a nossos ouvidos como clamor de Deus convocando-nos a prosseguir nos caminhos da Unidade.

Obs: A Parte II será postada no próximo dia 20 de abril.

(*) Bispo da Diocese Anglicana do Recife – DAR
www.dar.ieab.org.br

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]