Ronaldo Coelho Teixeira 27 de abril de 2010

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O Brasil comporta feriados em excesso. São treze por ano, enquanto que a Grã-Bretanha adota onze e os Estados Unidos doze. Aqui no Tocantins, o calendário apresenta três feriados que, somados aos nacionais e aos municipais que são dois, resulta em dezoito dias de folga. Isso sem contar os famigerados pontos facultativos nas repartições públicas.

Sou contra os feriados porque, primeiramente, a maioria é pobre, já que, de acordo com o IPEA 50% da renda nacional está nas mãos de apenas 10% da população. E, segundo, porque o feriado só faz o pobre lembrar o quanto ele é pobre mesmo.

Em um feriado o rico já tem a sua agenda turística. Uns vão para o exterior gastar em dólar, enquanto outros passeiam e curtem as belezas desse ainda fantástico paraíso chamado Brasil.

O pobre, quando chega o feriado, não tem um tostão no bolso, mas apenas contas a pagar. A maioria vai para um boteco da esquina encher a cara pra tentar esquecer a vida miserável. O resultado são mais dívidas e, em alguns casos, até porradas para a mulher e filhos. Os outros vão para um clube de quinta com a família gastar o pouco que têm e geralmente acabam também contraindo mais dívidas.

Que tal se trocássemos os feriados pela redução na carga horária de trabalho? Afinal, já foi provado que ninguém produz, de fato, trabalhando uma rotina de oito a doze horas por dia. Apenas cumpre-se horário o que não é sinônimo de produção.

Outro fator positivo para essa mudança é que, com essa redução, sobrariam mais vagas para tantos desempregados, com a adoção de mais um turno de trabalho. O salário também seria reduzido. Certo! Mas ver tanto desemprego e miséria é que penso ser insuportável.

Assim, como pobre que também estou, lanço essa proposta para todos, especialmente para os políticos que, decididamente, não precisam cumprir horários e nada produzem, salvo raras exceções. E, no meu canto, continuo me indagando porque a Rede Globo, através do Globo Repórter, ao invés de veicular matérias cujos temas sejam ligados à cidadania, insiste em nos torturar com imagens de recantos paradisíacos até internacionais, se a maioria de nós jamais chegará até eles?

Obs: Texto retirado do livro do autor – Surtos & Sustos
Imagem enviada pelo autor.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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