23 de março de 2010
Na dança dos ponteiros a noite se fez criança desprotegida,
lágrima exposta, poesia imperfeita, laços desatados,
palavra silenciada para não acordar sentimentos travessos e doloridos…
Na dança de asas inquietas a melodia tenta navegar entre folhas pisoteadas,
gritos velados de momentos sonhados,
acenos presentes no espelho empoeirado,
jornais encardidos espalhando aromas perversos,
calúnias sacralizadas para confundir a sintonia da verdade desnudada de aquarelas,
lábios a evidenciar inquietas armadilhas,
corpo entorpecido na cega madrugada de sentidos disputados…
Na dança dos olhos a invasão da luz,
sacramento da humanidade agonizante,
peregrinos que se arrastam em busca de paz,
sabedoria impregnada no lamento silencioso que se derrama na aprendizagem amarga de ser…
Na dança dos acenos, a saudade espreita o assalto da alma que se foi,
sombras imersas entre pedras e abandono,
asas desfolhadas à espera de um abrigo,
joelhos marcados de exausta solidão,
peito sufocado de opressóes na areia enfeitiçada de paixões a cruzar insanidades…
Na dança do tempo a nostalgia erguida empalidece pensamentos esculpidos na madeira envelhecida,
mão que acende no alheio improviso o amor transformador e ousado,
neblina dedilhada na sedução faminta de percepções amordaçadas,
memórias atentas aos pressentimentos da história,
essências de contemplação no inesperado da vida que soluça e prossegue…
27.02.2010 – 19:01h