Paula Barros 29 de março de 2010

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No quarto azul a luz dos olhos ainda estava acesa, não se apagara com a noite, nem com a solidão. O sol não tardaria a entrar pela fresta da janela, sem cortina, sem grades. Presa no quarto azul o rosto pálido refletia a vida, por trás da grade de uma velha emoção. Cuidadosamente levantou o braço esquerdo, puxou o carretel de pensamentos que tem enrolado no dedo indicador, colocou apoiado na fronte, respirou profundo. Instantaneamente, os olhos se fizeram rasos para suportar a água que vinha arrastando lembranças. Escorria pela ponta do nariz, mergulhava no pescoço e encharcava o peito. A dor dilacerante da saudade, imposta pelo silêncio, fez as barreiras dos olhos desabarem. No quarto azul, aquário sem ar, sem grades, sem janelas, escritos e lembranças boiavam na água salgada. 04.08.09

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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