Rômulo Viana 23 de março de 2010

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Eles eram irmãos na fé. Companheiros da mesma comunidade católica. Mas, ainda sim, distantes um do outro.
Ele, exímio homiliasta e vocacionado a vida religiosa. Ela, pelo pouco que seu coração permitiu conhecer, era bela, radiante, olhos elétricos, cativante, pensamento “freudiano”: transformava o amor em doces palavras, comum ao pensamento filosófico.
Viam-se, mas não se conheciam.
Pela aventura do destino quase combinado, a relação inicial viria por acontecer. Ele no clímax da homilia surpreendeu a todos com três presentes destinados a assembléia. Escolheu três pessoas, duas ao acaso e a terceira, que em seu coração seria escolhida em todos os sorteios mundiais: a musa desconhecida de seus pensamentos. Ela ficou contente e expressou-se com o tempo próprio do momento: “obrigada”.
A força motriz do amor ganhava alma. Ainda não se falavam, mas seus olhos se expressavam no momento próprio e se falassem buscariam a ocasião certa na descoberta um do outro. Então, ele saiu na frente. Interrogou seus amigos. E uma quase decepção veio a acontecer: descobriu que era casada.
Não houve sentimento de culpa e nem melancolia.
Os olhares continuaram os mesmos. Ele sabia algo dela. Ela ainda não sabia nada dele.
Passados alguns dias, um fenômeno amoroso veio a acontecer: um meteoro de sentimentos. Ela deixou os monossílabos de lado, esqueceu do tempo próprio das palavras e abriu-se em confidencias sentimentais: falava do amor como puro sentimento da amizade. Declamava frases poéticas em que a amizade era exaltada.
Ele também se fez do momento. Usou do que sabia de melhor: jogar com as palavras. Contou-lhe um pouco de si, presente, futuro e aspirações a vida religiosa. Encenou de forma poética o encontro do “pequeno príncipe com a raposa” na busca do verbo sentimental cativar.
Mas tudo que é bom dura o tempo necessário para ser inesquecível. E então, o antônimo da felicidade chegou sem pedir licença.
Ambos, agora, seguem caminhos diferentes. Ele mora em um seminário na cidade de São Paulo. Ela, atendente de loja telefônica. Agora já se conhecem e se falam por telefone, cartas, e-mail… Cada um guarda para si o segredo do amor amigo…E ele espera que esse amor não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja eterno enquanto dure.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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