O sacramento se desenvolve

Podemos ler em Tiago, como as primeiras comunidades fizeram: “Está alguém enfermo? Chamem os anciãos e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá” (5:13-15). Aos poucos, essa prática se estendeu aos outros cristãos ao descobrirem que receberam o dom de curar. Em 418 d.C., o papa Inocência I declarou que o óleo consagrado devia ser usado por todos os cristãos pelas necessidades dos membros da sua família. Depois do oitavo século este ministério foi negado aos leigos em muitos países e assumido pelos sacerdotes. Apesar disso, em outros lugares, a prática continuou com os leigos. Por exemplo, o Concílio de Trento, em 1550, deu aprovação eclesial à prática da unção exercida pelos leigos na França e na Itália. Dois séculos depois, esta aprovação foi retirada dos leigos e reservada exclusivamente ao clero.

Não se sabe quando a unção dos doentes se tornou “extrema unção,” o que modificou o seu caráter. A sua ênfase foi para a hora da morte. Um sacerdote foi chamado ao leito do moribundo onde ouviu a sua confissão, deu-lhe a comunhão, e o ungiu com óleo. Com todas as orações em latim, que ninguém na casa entendia, a liturgia parecia um exercício misterioso e tudo servia como se fosse uma passagem direta ao céu. Certamente, foi no Vaticano II e a sua reavaliação da significação dos sacramentos e o rescrito das suas liturgias que os doentes começaram a receber a unção ainda que não estivessem no ponto da morte.

Hoje é ainda reservada ao clero a autoridade de presidir à administração deste sacramento. As orações do rito claramente mostram, porém, que é um ato da comunidade. O sacerdote, assumindo o seu papel de líder, pede que os membros presentes se unam com ele nas orações pelo doente.

Dons de cura

Após estas explicações, devemos notar que há vários dons semelhantes, mas distintos. Há um dom permanente que o Espírito Santo dá ao indivíduo para que ele exerça uma missão aos doentes da comunidade. É um dom que Jesus exercia ao curar os doentes. Este é o dom que Jesus deu ao enviar os discípulos afora para pregar a Boa Nova (Lc 9:1-2; Lc 10:8-9). É o dom do curador cristão e entre aqueles que São Paulo descreveu (1Cor 12:7-11). O Espírito às vezes dá a alguém esse dom por uma certa ocasião conforme a sua própria vontade (Heb 2:4).

Um outro dom é aquele que é dado à comunidade para a sua vivência (Tiago 5:14-15). Este ato da comunidade orando pelo doente é um sacramento porque é um sinal da presença de Cristo na sua comunidade de fé. O ato comunitário aumenta a fé da comunidade nas promessas de Cristo e porque pode libertar a comunidade outra vez dos males do pecado que ainda existem entre os seus membros.

Questionário

1. Como pode distinguir um curador que possui o dom do Reino de Amor daquele que não o tem?
2. Com praticavam as primeiras comunidades o ato da unção, segundo Tiago?
3. Comparar a missão dos apóstolos em Lucas 9 com a missão evangélica de Francisco Xavier no Oriente.
4. Porque o ato da comunidade orando pelo doente, presidido pelo sacerdote é um sacramento.
5. Distinguir entre os diferentes dons de curar doentes.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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