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Venera-se em Turim – norte da Itália – uma preciosa relíquia, que todas as pesquisas científicas e históricas nos asseguram ser o linho em que o corpo de Jesus foi envolvido, cujo fato é relatado pelos evangelistas – Mt 27, 59; Mc 15, 46; Lc 23,53 e Jo 19,40. Este linho recebeu na tradição cristã o nome de Santo Sudário.

O Sudário é um lençol de linho, tecido em forma de espinha de peixe com cerca de 4m41 de comprimento por 1m13 de largura, exibindo a imagem em negativo de um homem, morto em seguida ao suplício da flagelação romana e a crucifixão.

As notícias históricas que possuímos anteriores ao século XIV, se bem que não numerosas, confirmam a tradição de que o Sudário de Turim é o verdadeiro lençol em que o corpo de Jesus foi envolvido após a sua morte pela frente e pelas costas e que, após a sua ressurreição no terceiro di0a, foi encontrado pelos apóstolos, conforme nos narram os santos evangelhos – Lc 24,12 e Jo 20, 5-7.

Na antiga Edessa, hoje Urfa da Turquia, em 544, fala-se de uma extraordinária imagem em linho, “não feita por mão de homem”, conservada dobrada de forma a apresentar só o rosto de Jesus. A imagem de Edessa foi transferida em 944 para Constantinopla, então sede do Império bizantino, onde foi estendida permitindo assim a visão completa do corpo do Crucificado de frente e de costas. Por volta do ano 1204, durante a ocupação de Constantinopla pelos cruzados, há testemunhos escritos de cruzados que viram o “santo sudário do Senhor”. Em 1º de agosto de 1205, Teodoro Ângelo, da família do deposto Imperador de Constantinopla, escreve ao Papa Inocêncio III lamentando os saques realizados pelos cruzados na cidade, e em particular requerendo a restituição do Sudário do Senhor, que estaria em Atenas.

Apesar dessas ligeiras informações, diz o Prof. Maurício Baradello, diretor do Comitê do Santo Sudário, os primeiros documentos que nos fornecem informações seguras sobre o santo sudário de Turim remontam à metade do século XIV, com Geoffroy de Charny, cavaleiro e homem de fé, que o transferiu em 1353 para a igreja, por ele edificada em seu feudo de Lirey na França. Margarida de Charny, por causa da Guerra dos Cem anos, retirou o sudário de Lirey em 1418, levando-o consigo em sua peregrinação pela Europa afora, até que 1453, doou-a aos duques de Savoia, origem da dinastia italiana. O beato Amadeu IX ampliou e embelezou a capela do castelo de Chambery para acolher o Santo Sudário. Foi em Chambery que, a 4 de dezembro de 1532, aconteceu o pavoroso incêndio, que danificou alguns pontos extremos do linho, parcialmente reparados pelas Irmãs Clarissas dois anos depois, em 1534.

Em 14 de setembro de 1578, Emanuel Filipe transferiu definitivamente o Santo Sudário para Turim para ser venerado por São Carlos Borromeu, cardeal de Milão.

Em 1898, o sudário foi fotografado pela primeira vez, nos inícios da arte fotográfica, pelo advogado e fotógrafo Secondo Pia. A negativa dessa fotografia revelou com estupefação geral, em positivo, a extraordinária imagem de um homem flagelado e crucificado e cujo corpo não se corrompeu no sepulcro. Nenhuma técnica daqueles tempos poderia produzir um negativo, como é o sudário.

O Santo Sudário era propriedade da Casa Real de Savoia, dos reis do Piemonte e da Itália unificada. Assim com a morte do príncipe Umberto de Savoia, último ocupante do trono da Itália, em 18 de março de 1983 o Santo Sudário foi doado à Santa Sé, por disposição testamentária do príncipe falecido.

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Este ano, de 10 de abril a 23 de maio, haverá na Catedral de Turim solene Exposição do Santo Sudário com o tema Passio Christi, passio hominis – “ A paixão de Cristo, a paixão do homem”. “Este tema para as comemorações, que acontecerão durante todo o evento, foi escolhido para evidenciar a profunda relação do sofrimento de Cristo com o sofrimento do homem de hoje, entre o sacrifício de Cristo por amor e os nossos sacrifícios de cada dia, entre a esperança pela redenção de Cristo e a esperança da nossa salvação” – explica o Prof. Maurício Baradello.

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