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Não se mire nas amarguras do pessimista nem na felicidade impossível do otimista. Escolha o meio termo.
O primeiro, vê o mundo através de lentes escuras e sua vida é uma noite tenebrosa, sem lua e sem estrelas. Queixa-se de tudo. Amanhece o dia de mau humor: parece que vai chover, o sol está amarelo e o vento irritante. Para ele nada presta. Bota gosto ruim em tudo. Só vota em branco porque não faz escada para os outros subirem. Não gosta de futebol, acha uma palhaçada um bando de idiotas correndo atrás de uma bola e outros gritando que nem loucos.
Enquanto o otimista afirma que quem ama o feio bonito lhe parece, o pessimista garante que quem ama o feio é cego. Além de tudo é hipocondríaco, queixa-se de doenças que vão desde a unha encravada até o intestino preso e dele contam todos os trâmites até que se dê o habeas corpus. Come presunto e arrota choco.
Garante o otimista que quem vive de desgraça é coveiro, de sujeira é o dono da lavanderia e de notícia ruim é jornal. Só conta vantagens. Come carne seca e arrota presunto. Nunca se engana nem faz nada errado. Seus eletrodomésticos são os melhores, últimos modelos. O automóvel nunca dá bronca, o casamento é perfeito, os filhos são os mais inteligentes, fala bem até da sogra. Diz a todo mundo que a mulher é bonita, gostosa, elegante, cozinha como ninguém e até costura pra fora. E o pessimista, na espreita, resmunga: tem marido que é cego e continua se queixando de que honestidade não dá camisa a ninguém. É torcedor do pior time da cidade, só vota em candidato que perde e odeia o otimista. Arrepende-se de tudo quanto faz porque já nasceu arrependido.

E por falar em honestidade, outro dia, um dos meus filhos me disse que leu em algum lugar a seguinte queixa: “Mãe, tudo quanto não tenho hoje devo a você que me ensinou a ser honesto”.
Quem mandou não ser político?

Obs: Texto retirado do livro da autora – Deixe de Ser Besta –