Em nome da CNBB, carrego há tempo uma incumbência importante: acompanhar a PMM – Pastoral da Mulher Marginalizada. E´ uma pastoral levada adiante por um punhado de pessoas beneméritas, competentes, dedicadas, conscientes, que além do trabalho feito em favor das prostitutas, precisam carregar o peso de preconceitos, ainda presentes na sociedade e na própria Igreja.
Elas mereceriam muito mais atenção. De minha parte não exigem quase nada, além do apoio e incentivo, acompanhado de esporádicas mediações eclesiais que se fazem necessárias para garantir sua inserção na pastoral de conjunto da CNBB . Acostumadas a enfrentarem preconceitos e desconfianças, quando recebem um pouco de atenção e de encorajamento multiplicam suas energias e se sentem reanimadas a prosseguir com generosidade sua difícil missão.
Quero aqui citar o nome de uma delas. Monique Laroche. Sei que todas as outras vão ficar muito felizes com a menção que faço desta religiosa canadense, simples, austera, sempre disponível, incansável. Depois de vinte anos à frente da PMM, ela retornou nestes dias para o Canadá, a fim de refazer suas energias. Mas já antecipou que voltará ao Brasil, dentro de seis meses, para se reintegrar na PMM.
O testemunho evangélico dado por estas pessoas honra a Igreja, e desbarata a legião de fariseus que estão sempre de plantão para lançarem falsas acusações contra pessoas que expõem sua vida a serviço do Evangelho de Cristo.
Nestes dias, por ocasião da Marcha das Mulheres, a PMM foi convidada a participar de uma mesa de debates sobre a prostituição. Buscando discernimento e apoio, quiseram contar com meu parecer. Elas estavam firmes e dispostas a aceitar o convite, e aproveitar a oportunidade para expressarem sua clara posição contra o aborto, e contra a profissionalização da prostituição, ambas as posições claramente de acordo com a doutrina da Igreja.
Sentiam firmeza, mas queriam contar com a bênção da Igreja.
Nestes casos, o certo é recorrer ao Evangelho. Com sua luz, e com sua autoridade, encontramos discernimento e coragem para agir. A coragem que aconselhei a elas, sem titubear, à luz do Evangelho.
“Vós sois o sal da terra” (MT 5,13) Se o sal não é colocado na hora certa, para que serve ele?
“Vós sois a luz do mundo” (MT 5,14). Se lastimamos a escuridão, porque não acender, no lugar certo, a luz do Evangelho de Cristo?
Mas existe outra passagem que os fariseus de hoje ignoram, e que revela quanto eles estão em desacordo com o Evangelho. E´ a parábola do trigo e do joio. Constatando a presença do joio no meio do trigo, os trabalhadores perguntaram se deviam arrancar o joio. Ao que o senhor ponderou que arrancando o joio se arrancaria também o trigo. E que por isto é sábio deixar a ambos, até que se faça a colheita final.
Neste mundo coexistirão sempre trigo e joio.
Está em desacordo com o Evangelho quem se precipita furioso contra o joio, usurpando o poder do Juiz que, ele sim, fará a colheita final, que não cabe a nós antecipar!
Há pessoas que se arvoram em justiceiros dos agentes de pastoral que procuram testemunhar o Evangelho na complexa realidade de hoje. Nem toleram, por exemplo, que se mencione a marcha das mulheres, lançando logo acusações gratuitas, injustas, maldosas, perversas, pois forjadas a partir dos seus preconceitos e da falsa ilação de que citar a marcha das mulheres, ou o terceiro PNDH, é ser a favor do aborto.
Diante destas acusações falaciosas e mal intencionadas, interponho meu firme testemunho em favor dos agentes da PMM, do SPM – Serviço Pastoral dos Migrantes, e da Cáritas Brasileira, três serviços que tenho a incumbência de acompanhar. E deixo que os fariseus de hoje se avenham com Cristo, que já os desmascarou em outros tempos, advertindo que sua mania de acusar e crucificar pessoas já perdeu a graça, e já conta com o julgamento da história.
(*) (www.diocesedejales.org.br)