A ATUALIDADE DE ASSIS EM SALVADOR

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S. Francisco é sempre um santo atual. Todos acorrem a ele , até aqueles que não pertencem à fé católica. Ele representa um valor universal, é uma espécie de figura corporativa. Seu amor à natureza representa um valor de comunhão da criatura com o Criador. Alguém já dissera que quem não cuida bem dos animais, não sabe cuidar do seu povo. Francisco pacificou até o lobo selvagem que amedrontava os seus contemporâneos.

A atualidade desse santo se manifesta nas obras de seus filhos e nas ações impetradas nas muitas obras realizadas em seu nome.

Salvador tem o privilégio de ser servida por uma dessas obras raras que se realiza através da Casa de Retiro S. Francisco, em Brotas. Lá é um lugar de paz, da paz de Francisco que decorre da paz de Cristo.

Conheci esse lugar de repouso espiritual através do Pe. Sadoc, que este ano lá passou o carnaval com seus familiares. Voltou refeito e com as energias recarregadas para as muitas lides diárias que os seus, quase, 94 anos ( será no dia 20/03, com uma missa às 8:00 no Bonfim) não dispensam.

Quantos grupos de Igreja, das mais diversas tendências, já passaram por lá. Dessa forma, o espírito franciscano do Poverello de Assis passa para todos.

O retiro espiritual supõe um período de alguns dias consagrados exclusivamente à reflexão e à oração. Quem decide fazê-lo, deixa suas ocupações habituais , sai do seu dia a dia, para tentar encontrar ao Senhor Deus de uma forma especial. Todos esses valores são encontrados na casa de Retiro S. Francisco, pois o ambiente externo favorece essa situação espiritual.

A Casa já tem 61 anos e ela permanece fiel ao espírito do seu fundador, Frei Hildebrando, um homem altamente empreendedor, que com muito sacrifício, conseguiu construir esse lugar de repouso espiritual. O busto que está na entrada, oferecido por Norberto Odebrecht, que também foi o construtor da Casa sem cobrar nenhum ônus, é uma homenagem àquele que pensou nos mínimos detalhes, para que seus freqüentadores tivessem um ambiente completo “para beber nas fontes mais puras” ( Salmo 22).Por exemplo, depois da Casa pronta, ele lutou para ampliar a área livre e verde, que foi anexada ao complexo principal, adquirindo mais espaço, com receio de uma futura especulação imobiliária, que ferisse a intimidade do ambiente. Os mais antigos se recordam de elogios, até de Otávio Mangabeira, ao espírito empreendedor do seu fundador. Houve uma religiosa que foi seu braço direito nessa obra, é a Irmã Ana Maria, que morreu precocemente. Hoje, essa presença feminina é marcada pela Irmã Sara, e suas companheiras de hábito, que trazem a suavidade de Santa Clara para essa Casa.

A grande verdade, é que ele começou essa obra sem dinheiro. Numa viagem à Alemanha, obteve algum recurso que foi somado à ajuda benevolente de muitos amigos, que ele sabia fazer e conservar. Entre os doadores há pessoas humildes e anônimas, mas a fina flor de Salvador se mobilizou para construir essa obra. Cito alguns, numa homenagem a todos que construíram essa Casa/Simbolo: Cia. De Seguros da Bahia,o Prefeito Dr. Aristides Milton da Silveira, Gentil Magalhães Vital, Juvenal Calumby, Gileno Amado, Família Clemente Mariane Bittencourt,Família João Calmon Du Pin e Almeida, Família Nestor Ayres da Silva,Família F. Florentino Silva,Mª da Glória Tourinho,Gerard Suerdieck, Instituto Feminino da Bahia,Antônio Osmar Gomes,Úrsula Martins Catharino, Família José Augusto Mendes, Pedro Osório Galvão,Eloi Magalhães, Margarida de Carvalho Costa Pinto, Família Carlos de Aguiar C. Pinto,Família Pânfilo Freire de Carvalho, Luiz M.C. Gordilho, Hugo de Luna Freire, Adolfo Espinheira Freire de Carvalho,Armando Joaquim de Carvalho, Geraldo Suerdieck Filho, A. Fonseca Cia. Ltda,Família Raul Schmidt,Maria Coni Caldas Santos, Viúva Manoel Moreira, Eloi Magalhães, Laurentino Silva,Diva Berbet T. Martinelli, Rodrigo Sampaio, Oscar de Azevedo Costa.

Os que lá passam têm a chance de sentir a atualidade do Cântico universal do Sol, que ecoa em cada recanto da Casa, para encher a alma do visitante:

“ Louvado sejas meu Senhor, pelo irmão vento e o ar e as nuvens, e o céu sereno e toda espécie de tempo, pelo qual às tuas criaturas dás sustento. Louvado sejas meu Senhor pela irmã água, a qual é muito útil, preciosa e casta. Louvado sejas meu Senhor pela irmã e mãe Terra, que nos alimenta e governa e produz variados frutos e coloridas flores e ervas”.

E viva a Casa de S. Francisco de Brotas.

 Sebastião Heber. Professor Adjunto de Antropologia da Uneb e da Faculdade 2 de Julho.Membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e da Academia Mater Salvatoris

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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