[email protected]

Como faz anualmente, a Igreja Católica lança mais uma Campanha da Fraternidade durante a quaresma, visando preparar a Páscoa, Festa maior da cristandade e que tem suas raízes na Páscoa Judaica, culminando com a Ressurreição de Cristo.

O tema Fraternidade e Economia quer ser um convite para que todos reflitam sobre o peso da economia em suas vidas e busquem uma economia a serviço da dignidade humana, sem exclusões, criando uma cultura de solidariedade e paz. E a inspiração para tal Campanha vem do próprio Evangelho:”Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mt. 6,24).

Os manuais mais clássicos de Economia mostram como ela se interessa,essencialmente, pela produção e circulação de bens e serviços. A Economia, sobretudo a neoclássica, concebe o sujeito econômico – o homo oeconomicus – como racional. Supõe que seu comportamento pode ser considerado como o resultado de um cálculo pelo qual ele procura maximizar seu “prazer” e minimizar seus “sofrimentos “, ou, conforme diz a economia moderna, fazer escolhas congruentes com suas preferências. Outras áreas científicas têm da pessoa humana outras concepções filosóficas. Na França, na década de 70, surgiu a expressão “economia sociológica”, que tenta aplicar o que é próprio da economia – individualidade e utilitarismo – ampliando essa visão a fenômenos tradicionalmente da alçada de outras disciplinas, como a sociologia : ideologia, divórcio,crime, discriminação,movimentos sociais, educação, etc. Isso representou uma oposição a uma tendência que se desenvolvia na mesma época, o da “ economia radical”. Esse movimento de idéias comportava, principalmente, uma crítica e uma rejeição a essa visão da economia neoclássica, levando a integrar à análise econômica a contribuição de outras áreas, como a do pensamento sociológico, antropológico, filosófico e religioso.

Nesse sentido, a Campanha da Fraternidade 2010 – Fraternidade e Economia – quer ser um convite à sociedade a refletir sobre uma economia que seja solidária. Não apenas números frios, renda per capita, o que dá mais lucro, mas visando o objeto dessa “funcionalidade”, que é a pessoa humana, sobretudo, os mais pobres e marginalizados.

Essa Campanha está sendo animada de forma ecumênica, isto é, muitas Igrejas Cristãs estão associadas para suscitar uma formação consciente da população, sobretudo das camadas populares, através de subsídios apropriados. Ciente dessa temática, o povo terá um maior discernimento da ação do poder econômico em suas vidas.

O Conic – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – é formado pela Igreja Católica Romana, Igreja Cristã Reformada,Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil,Igreja Síria Ortodoxa de Antioquia e Igreja Presbiteriana Unida. É sugestivo que a Campanha da Fraternidade seja celebrada de forma ecumênica, pois nesse ano se comemora o centenário do Movimento Ecumênico no mundo moderno.

O atual secretário-geral do Conic, o Reverendo Luiz Alberto Barbosa, diz que “ o tema da campanha é bastante atual pois a economia está presente na vida das pessoas desde quando elas nascem, mesmo antes de nascer e após a morte.Então, é um assunto que perpassa a vida toda. As Igrejas, tendo em vista a importância do tema, resolveram em conjunto, nesta Campanha, refletir por uma economia que gere a vida e não a morte, que é o modelo da economia atual. O primeiro objetivo da Campanha é denunciar o sistema econômico que está excluindo as pessoas e gerando a morte; depois, conclamar as igrejas e a sociedade em geral a um novo projeto de economia solidária, fraterna, em que todos possam ter acesso ao bem comum da sociedade, a uma vida digna. E a partir daí, inspirar os nossos governantes, principalmente em 2010, ano de eleição,a fazer com que a sociedade pense também que é preciso mudar o sistema econômico para que todos possam ter acesso a dias melhores”.

 Sebastião Heber Vieira Costa. Professor Adjunto de Antropologia da Uneb, da Faculdade 2 de Julho. Membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e da Academia Mater Salvatoris.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]