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Apaguei teus soluços que escureciam dispersas forças em um destino fragmentado e sonolento…
Alimentei durante a primavera sonhos e encantos, possibilidades de um amor dolorido na plenitude vivida, no bocejo silencioso, vigília de um pássaro ferido…
Procuro o sentimento no delírio da beleza silenciosa, fração de um tempo desfolhado na peregrina ventania…
Retalhos desbotados me cercam e me consomem na desvairada solidão a perfurar o coração amargo à espera do amanhecer…
Como devorar teu cansaço, teus trapos amontoados, tua face estraçalhada?
Como deixar-me flutuar em tua dor se o mormaço de ser se retirou na espuma da indiferença, passos confusos, girassóis suspensos na escadaria de tuas lamentações?
Arrasto a saudade na sintonia e no recuo da pedra molhada, espelho enferrujado e descolorido…
Teu nome gravado nas nuvens partiu num travo de mistério…
Tornei-me raiz fragilizada, estátua violentada, tempo encarcerado em paredes descascadas pelas (in)certezas do abandono…
Arranhei tuas interrogações, tua pressa de enxugar as lágrimas, tuas fugas impetuosas, teu olhar empoeirado…
Restou a melodia da sedução, poesia atormentada, pétalas envelhecidas enterradas no abismo que nos queimava por dentro…
Restou o momento inevitável do confronto, a cortina rasgada, a razão entregue em nossas mãos sedentas mergulhadas no bálsamo da saudade…
Restou esse aroma de plenitude, ansiedade em chamas, espera da eternidade liberta…
Em tuas rugas estremecidas o sonho lateja!
Atiro-me em tuas aflições, na vidraça emoldurada carregada de sentimentos tardios…
Há cinzas na travessia, voz ferida na sonoridade embriagada, paisagem incendiada…
Há desespero no ar que nos abraça…
08.10.2009 ( 10:03h)