Alguém me disse uma vez que não ia ao padre, mas diretamente a Deus para o perdão, como se aquele fosse um desvio. Também no início da missa rezam: (Sacerdote) “O senhor Jesus, que nos convida à mesa da Palavra e da Eucaristia, nos chama à conversão. Reconheçamos ser pecadores e invoquemos com confiança a misericórdia do Pai. Confessemos os nossos pecados: (todos) Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos e irmãs […]” São perdoados assim, é a verdade. E é um bom início que todos se sintam de bem com Deus. Mas, que tal aqueles a quem ofendemos? Ainda faltam os últimos passos para ficar de bem com a comunidade ou paróquia e com os vizinhos.

O padre não está no confessionário por curiosidade. Primeiro ele tem que julgar se a pessoa está arrependida de seus pecados. Agindo no nome da comunidade de fé, ele está aí para nos perdoar no nome dela e de nos ajudar a ficar de bem com o mundo todo. Ele deve procurar nos dirigir ao arrependimento e à reconciliação total.

Quando o penitente fica com os frutos do pecado e diz: “Contei umas mentiras do vizinho,” aonde pode o padre ir com isso? É bem diferente de quem reconhece os pecados e diz: “Tive muito ciúmes e tanta raiva do vizinho que contei umas mentiras sobre a sua vida. Ajudei a destruir o seu nome.” Agora o padre tem várias pistas para dirigir a pessoa para endireitar o mal feito e de ajudá-la a achar pistas para se reconciliar com o vizinho e sua família. Pode ver que a confissão não é nem como um banho da alma, nem uma brincadeira. Ela é um instrumento que nos ajuda a modificar as nossas vidas, ajudado pelos conselhos do confessor e pela graça de Deus e o poder do seu Espírito.

Sobre o mal

Todas as seis raízes, de uma maneira ou de outra, alimentam o pecado dominante, o próprio orgulho da gente. Todos os sete pecados principais são motivos maus que agem contra o temor de Deus e a fé. O temor de Deus não é medo dele, mas receio de ofendê-lo. Assim, quando a Bíblia condena o rico, o poderoso, o farto, é que dificilmente eles temem a Deus. Eles põem a sua segurança nas suas posses e bens e não nEle. Vê-se isso no cântico de Maria: “Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. Manifestou o poder do seu braço, desconsertou os corações dos soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes […]” (Lc 1:50-52).

Por uma mistura destes sete pecados as estruturas governamentais e os sistemas econômicos e sociais são humanos e vão mal. Facilmente se vê como as estruturas da família e da sociedade estão se desintegrando por cause do mal: esposos abandonados, gangues de crianças e jovens morando na rua, aborto provocado, e muito mais. E vemos como os sistemas econômicos e políticos escravizam povos inteiros e produzem fome, guerra, desemprego, opressão, grilagem, tortura, assassínios e mil outras coisas, por causa desses pecados. Todos são atos maus e frutos da árvore do pecado (Lc 6:43-45). São resultados da fraqueza humana separada do amor e do poder de Deus.

Os sistemas e estruturas são humanos e imperfeitos, mas não são maus. Um sistema pode ser melhor para um povo do que a outro, mas quem condena um sistema por se mau é como alguém que condena uma faca porque ela matou alguém.

Nós somos responsáveis pelos sistemas que temos se não trabalharmos para modificá-los e melhorar. Se os cristãos crêem que Jesus tirou o pecado do mundo (Jo 1:29), é a missão de eles todos aceitar esta libertação e a levar para os outros. Eles têm que pregar a Boa Nova, o Evangelho, pela palavra e por sua vida, a toda criatura (Mc 16:15). Eles têm que lutar pela libertação sua e da toda humanidade, do pecado e dos frutos do pecado como o fez São Paulo. Se Jesus e outros sofreram pregando e fazendo isso, o cristão pode esperar sofrimento e oposição pelas agentes do Reino do Mal (Rom 8:17; 2Cor 1:6).

Questionário

1. Como era feito o sacramento da reconciliação dentro das comunidades cristãs antigas conforme a carta de Tiago?
2. O que é arrependimento? Por que ele é importante?
3. Dê dois exemplos de como um pecado pode ofender outras pessoas.
4. Quais as palavras de Jesus que nos mostram que o perdão e a reconciliação são importantes na vida do cristão?
5. O que são frutos do pecado? Cite cinco deles.
6. Qual é a diferença entre os pecados e os seus frutos?
7. O que é mais fácil ver, o pecado ou os seus frutos? Por quê?
8. Como é que os meios de comunicação social – o rádio, a televisão, as revistas e os jornais etc. – provocam em nós o impulso ou a tentação para a ganância e a cobiça?
9. Quais são as más ações causadas pela inveja e o ciúme?
10. Quais são uns males causados na família pelo pecado? Na sociedade? Nos sistemas políticos?
11. O que deve um penitente confessar no confessionário, pecados ou os seus frutos? Por quê?
12. Como é a diferença entre o perdão quando alguém confessa a) diretamente a Deus, b) no início da missa, e c) no confessionário? Qual é mais vantajoso ao penitente? Por quê?

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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