A árvore do pecado

Se pecado fosse uma árvore o tronco seria o orgulho. É o orgulho que nos leva a nos julgar melhor que os outros. O orgulhoso tem que se sobressair, ele se sente maior ou acima dos outros. Ele se sente com o direito de julgar os outros. Quem faz isso se põe acima da lei (Tiago 4:11). É muito diferente de julgar um ato como bom ou mau e julgar uma pessoa assim. Sabemos que mentiras, roubos, e seduções são atos maus. Quem pode saber, porém, a intenção ou o motivo de uma pessoa para concluir que ela é má ou uma pecadora? Orgulho tem quatro filhos – egoísmo, vaidade, soberba, e arrogância. Estes produzem os atos maus como estupidez, desobediência, ressentimento e rancor.

Como as raízes que alimentam e dão estabilidade ao tronco, há mais seis pecados principais ou cardeais, que alimentam e sustentam o orgulho. Eles todos são exageros ou desordens dos dons de Deus e que são capazes de nos escravizar. Antigamente estes sete pecados foram denominados os Pecados Capitais. Veremos em seguida as seis raízes do orgulho – cobiça, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça – um por um.

Cobiça é o desejo exagerado de possuir bens materiais para ter mais que os outros. Temos uma necessidade de ter bens materiais e o direito de adquirir o suficiente para viver feliz. A cobiça nos leva a prejudicar o direito do outro de possuir o que ele precisa por sua vida. Uma das filhas da cobiça é a ganância. Ela é o desejo exagerado de juntar muitas riquezas para engrandecer o dono. Ela é uma causa dos grandes roubos de dinheiro, de terras e de outros bens. Uma segunda filha é a ambição. Ela é uma busca desproporcionada do poder sobre os outros. Ela nos leva a formar classes sociais para diminuir outros e adquirir títulos para podermos nos destacar, de dominar os outros e controlar as suas vidas. Ela é uma causa das lutas e guerras para conseguir o poder ou para se manter no poder.

A cobiça e as suas filhas podem estar atrás das propagandas nos jornais e revistas e pelos rádios e televisão para criar “necessidades artificiais.” Elas promovem o consumismo competitivo, o materialismo radical, o capitalismo selvagem, e a exploração da mulher. No mesmo tempo elas nos escravizam pela moda e até modificam os costumes da família.

A segunda raiz do orgulho é a luxúria ou a concupiscência. Esta é o desejo que desordena, deturpa, ou exagera o apetite natural sexual. O dom que Deus implantou em nós fica mal direcionado e assim causa prejuízo aos outros. O bem e o direito de outras pessoas estão desprezados pelo desejo dos luxuriosos ou tarados, como os dois anciãos e juízes (Dan 13:9ss). Vê-se igualmente pelo desejo das luxuriosas de viver uma vida luxuosa como as “vacas de Bashan” (Amós 4:1-3). Este desejo desnorteado abusa de sua auto-satisfação e aparece em atos maus, tais como adultério, masturbação, prostituição, pornografia, e outros.

A exibição do corpo pela moda feminina tende a escravizar a mulher, alimenta a luxúria e enfraquece o pudor. O amor livre dos pássaros é da natureza e é bom – pois não há animais egoístas ou maliciosos – mas não é bom para nós. Amor livre, machismo e feminismo radical tendem a colocar o homem e a mulher, ambos em dimensão menor do que os animais. Reduzem-nos a simples objetos descartáveis.

Ira ou raiva é uma emoção forte que Deus nos deu para nos ajudar em tempo de emergência, tais como, defender uma vítima, opor violência, ou lutar pela justiça. Como a terceira raiz, ela é um pecado quando a pessoa deixa que ela alimente a vingança, ódio, a recusa do perdão ou negativa de reconciliação. Não é difícil ver como a ira pode levar às brigas e até assassínios.

Deus nos criou com um apetite necessário de comer e beber. Gula, a quarta raiz, é o exagero deste apetite. Os ricos romanos de outrora mantiveram um vomitório. Durante um banquete, os convidados iam para lá para vomitar o que haviam comido e voltavam ao salão para comer de novo. Uma pessoa é gulosa quando ela permite que comida, álcool, drogas etc. a dominem. Isso pode até prejudicar ou complicar a sua saúde.

A quinta raiz é inveja – mais um exagero de algo bom. Todo mundo tem os seus heróis. Estes são pessoas que nos inspiram a perseverar, nos motivam a trabalhar melhor, nos dão a esperança de um bom êxito ou de alcançar um ideal. Muitas vezes São Paulo se demonstrou a si mesmo como um “ídolo” pela sua fé, pela vida de sofrimento e perseguição e pela suas fraquezas que deram lugar para a ação do poder de Deus. A inveja não dirige a vista dos outros a Deus e ao seu amor, não. Ela deturpa tudo isso. Ela é o desgosto ou pesar pelo bom êxito dos outros. Ela é o desejo de ver o outro cair ou sofrer uma desgraça. O ciúme é o seu filho. Pelo ciúme vemos o outro como um rival que tem que cair. A inveja e o ciúme causam ações como fofoca, fuxico, calúnia, e mentira. Estas ações más tendem a destruir o bom nome do outro.

Preguiça é a sexta raiz. Hoje quase todo mundo reconhece o direito de um descanso semanal, ainda que este dia pertença mais à gente do que a Deus. Precisamos também umas férias do trabalho diário. Uma deturpação da necessidade do descanso é a preguiça. É ela que nos leva a não fazer nada ou a fugir das nossas responsabilidades. São Paulo a notou entre os Tessalonicenses e lhes advertiu que quem não trabalhava não podia comer (2Te 3:10-12). O filho dela é o comodismo – o desinteresse pelas outras pessoas e coisas. Ele nos faz omitir ao reconhecimento do sucesso e boas obras dos outros e de desistir de socorrer o necessitado ou de nos integrar nos deveres civis.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]