2 de fevereiro de 2010
Há um tempo atrás se dizia que o Brasil era uma Belíndia, isto é, uma mistura de Bélgica, país rico, com Índia, país com milhões de pobres e outros milhões de miseráveis. Também se continua dizendo que o Brasil é o país mais escandalosamente injusto pela desigualdade social.
Não há dúvida que o país tem crescido em economia, já foi o sétimo país mais rico do planeta, caiu para décimo segundo e hoje subiu novamente para nono e o sonho do atual presidente é chegar à terceiro ou quarto país mais rico do mundo. No entanto, quanto mais cresce a economia do país, mais cresce o número dos brasileiros que almoçam,mas não jantam porque dependem do bolsa família. São cerca de 60 milhões de pessoas nesta situação. É por isso que doenças como dengue, malária e hanseníase continuam sendo flagelos na população pobre do Brasil.
A hanseníase, antiga lepra, mudou de nome, mas continua atacando os mais pobres. Ao tempo de São Francisco de Assis os leprosos eram abandonados nas matas porque não se tinha medicina adequada e a higiene era demais precária. Hoje, quando a medicina já avançou e já se pode curar a hanseníase sem isolar o paciente da família, como explicar tantas colônias cheias como de Americano, em Belém e do Aleiro, em Manaus, a exemplo de outros abrigos para pacientes de hanseníase na Amazônia.
Só há uma explicação para esse flagelo continuar castigando tantas pessoas no Brasil – a prioridade que os governos dão ao crescimento econômico e não à saúde pública e nem à educação de qualidade. Rico e remediado não pegam hanseníase; presidente, deputado e governadores não pegam lepra, é por isso que dinheiro público vai mais paraproteger da gripe suína, transplante de coração, mas nem tanto para saneamento e combate à malária e hanseníase. Ou será que se está enganado?
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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