Paula Barros 23 de fevereiro de 2010

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Do poema, o sentimento. Do sentimento a lágrima, da lágrima o texto.

Simbolismos

 

Dizer adeus não é fácil. Não, não é. Me despeço da semana, das asas, do jardim, das borboletas….Sabia que esse dia ia chegar. Sabia. Eu sabia. Mas fiquei com os olhos marejando. Fiquei aturdida. Sexta-feira é sempre um dia esperado para comemorar o fim de uma semana. Mas eu não queria parar de voar agora. Sexta-feira, noite chuvosa, guardar as asas e dizer adeus. Veja como são a coisas, tudo é a nossa forma de ver a vida. Uma semana com duas mortes de colegas de trabalho, um menino de treze anos que morreu tomando banho no rio perto do meu trabalho, um avião que some com várias vidas. Mas me senti leve, entrei no mundo da fantasia e transformei meus dias. Tudo depende do ponto de vista. Em vez de ficar triste pela despedida, pelo o adeus podia está comemorando a estrada que se abre. Mas às vezes nos apegamos a algo que consideramos bom, que nos faz nos sentir leve e por isso sofremos. Sofremos pelos simbolismos que criamos. E pelo sofremos pelo novo, pela mudança, sem nem saber como vai ser. Sofremos muitas vezes só de imaginar.


Vou voltar a caminhar. Talvez seja uma estrada de barro. Comendo poeira. Chutando pedras. Me enganchando em arame farpados. Não sei ainda. Parece dolorida essa estrada. Se for muito dolorosa a caminhada, eu posso desistir. Eu sei que posso. Estou fazendo drama. Posso caminhar calada, sem me aprofundar, só observando. Posso ser superficial. Posso? Ainda não. Voar eu gostei…voar é tão bom. Tornou os dias leves. Esqueci as mortes. O enfado da semana. A rotina. Tentei sorrir mais vezes. Parei para escutar. Tentei olhar o olhar. Ouvi música. Dancei. Trouxe a fantasia para o real. Vamos ver se caminho com asas….vou tentar.

Tive uma ideia. Vou tentar caminhar pela estrada de barro, plantando as flores que colhi. Vou tentar colocar asas nas pedras do caminho. Em vez de construir castelos de fantasias, vou tentar outras construções. Pontes pode ser uma boa construção. Vou pensar. Outra idéia, sorrir e alisar os cactos. Poxa, alisar cactos e ainda sorrir não é fácil. Um bom desafio. Será que ele já pensou nisso? Tenho certeza que sim. Ele sabe que gente também tem espinhos. Me alegrei, comecei escrevendo triste. Ele me ajudou, sempre ajuda. Já pensou se mostro a ele que cactos precisam de carinho, e tem frutos bonitos. Alimentam com sua essência, mesmo tendo espinhos.

Ah, talvez fique mais fácil a caminhada. Que alívio! Talvez eu encontre uma saída na estrada de barro. Uma porteira. Hoje é uma linda sexta-feira chuvosa, aconchegante sexta-feira para se ficar em casa e se preparar para a caminhada. Todos tem a capacidade de transformar. De se transformar. Vou tentar….


Obs: Imagens enviadas pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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