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Metade de mim queria ser
um andarilho
um menestrel de estrada
pra fazer balada
pra cantar toada.
Viveria ao léu
ao lado de Deus
teria sempre o céu
em meus olhos.
À família e aos amigos diria:
vou partir, não sei se volto, adeus.

Metade de mim queria ser
um poeta vagabundo
a errar pelo mundo:
parar à sombra de um arvoredo
ouvir de perto a passarada
ter a vida como um brinquedo
e não temer nada, nada
nem maldade dos homens
nem bicho dos matos.

Mas a outra metade, ai de mim, diz:
fica, é loucura tal aventura
esse prato de feijão
nem sempre terás lá nas matas
em uma noite sem lua, bem fria
ou num dia de calor, ao meio-dia
é bem certo que vais querer voltar.

Procura estudar, trabalhar, te aquietar
pois boa romaria faz
quem em casa fica em paz
andar por aí, para quê? que insano!
encontra teu lugar, e com luta
progride ano após ano.

E só a morte trará
a paz a essa disputa
mas se a morte é um descanso
prefiro viver cansado
mesmo sem saber dizer
pra onde vou, pra que lado.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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