O projeto de Deus para os homens

Na Bíblia está claro que o projeto de Deus é unir todos os homens nele. Jesus disse que Ele nos queria unidos em um só rebanho, sendo Ele o único pastor. Ele pediu ao Pai na última ceia, na véspera da sua morte, que fôssemos um, como Ele é um com o Pai, que fôssemos um nele (Jo 17:20-21). São Paulo entendeu isso quando escreveu que nós formamos um só corpo com Cristo (1Cor 12:27). O papa Pio XII chamou à nossa união O Corpo Místico de Cristo.

Arrependimento

O arrependimento é um desejo de consertar o mal feito pelos nossos pecados. É o querer de nos reconciliar com as pessoas ofendidas, de fazer as pazes. É a vontade de apagar o passado e de começar de novo.

O pecador ofendeu a Deus que o ama infinitamente. Ao pedir perdão a Deus, o pecador lhe mostra o arrependimento pelo desejo contrito de retirar todo pecado da sua vida. Mas o pecador também ofende a si mesmo. Ele ofende um templo do Espírito de Deus e deve sentir vergonha por ter caído. Ele tem que aceitar a si mesmo como uma pessoa fraca. Tem que sentir que precisa da ajuda da sua família, dos outros, e de Deus para se “pôr em pé” de novo.

Há mais neste processo. O pecador ofendeu a sua família. O seu lar cristão. A Igreja doméstica deve ser um lugar de amor, harmonia, e confiança. Ele traiu esta harmonia e confiança. Se o pecado for público, ele deu mau exemplo aos outros e sujou o nome da sua família. Para consertar ou reparar o dano feito, ele deveria querer se reconciliar com os membros da sua família – não só um a um, mas sim, todos juntos, como família.

Enfim, o pecador ofendeu também a sua comunidade, o Corpo de Cristo, e tem que se reconciliar com ela, com todas as pessoas ofendidas. Vê-se que esta reconciliação não é pouca coisa. Ela é muito importante e muito difícil, porém faz parte do projeto de Deus.

Para nos reconciliar com todas as pessoas ofendidas e feridas, a nossa força é pouca demais. Precisamos realmente do poder de Deus. Este poder também faz parte do seu projeto. Podemos receber este poder de várias maneiras, mas a maneira mais completa é pelo sacramento da reconciliação. Este sacramento nos dá a esperança de que os outros serão curados também das feridas. Ele nos dá a coragem de procurar nos reconciliar com todos e de iniciar uma reforma de nossas vidas.

Vê-se agora que o sacramento não é um ato isolado de um pecador confessando os seus pecados, agora reservado a um padre. O perdão recebido do padre está no nome da comunidade de fé – do Corpo de Cristo – com as palavras: “Eu te perdôo os pecados no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” Isto é o primeiro passo no caminho de nos “re-unir,” de nos “re-conciliar” com os outros após uma divisão que criamos. Este sacramento é a ação pela qual a comunidade de fé se cura, reconciliando os seus membros entre si pelo poder do Santo Espírito.

Pecado

Não se sabe em qual parte da história cristã iniciou e cresceu uma confusão sobre pecado. Ainda que a Igreja sempre tenha ensinado que o pecado se achava na nossa vontade livre, nos nossos motivos, na prática do sacramento, confundiu-se um ato com a intenção. Atos podem ser bons ou maus, construtivos ou destrutivos, mas nenhum é um pecado – nem o pior deles. Temos uma vontade livre para aceitar os valores do Reino de Amor ou os valores do Reino do Mal. Pecado se acha na razão atrás da nossa escolha.

As cartas no Novo Testamento nos chamam a aceitar o amor como o nosso primeiro valor. Elas pedem que façamos de nossa meta o amor a Deus e aos outros – de amar como Jesus nos ama (Jo 15:12). Mas podemos fechar o coração a este mandamento e aceitar os valores do mundo. Assim, estaríamos aceitando os valores do mal, “porque tudo o que há no mundo não vem do Pai – os maus desejos do corpo humano, a cobiça pelas coisas e bens e o orgulho pessoal vêm do mundo” (1Jo 2:15). Deus mostrou no seu projeto para a sua criação que a raça humana deveria ser o gerente deste mundo – que o mantivesse, que o preservasse, que servisse para o bem de todos. Infelizmente todos nós estamos inclinados aos maus desejos, à cobiça, e ao orgulho pessoal.

Consequentemente, indo à igreja pode ser um pecado para mim se eu for para demonstrar a minha devoção, para me mostrar em minha roupa cara, ou para angariar votos para alguém na próxima eleição. A parábola do fariseu e do publicano nos ensina isso. Um deles voltou para casa justificado. (Lc 18:10-14). Atos maus – aborto, homicídio, roubo, mentiras – não são pecados, mas podem ser frutos do pecado. Em seguida veremos isso mais de perto.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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