15. O natal é convocação clara (Vinde!) e exigente para a nova ordem social, cujo centro é a partilha do pão. Só quem trabalha, quem vigia (sábios da periferia) e quem se dispõe (Vamos a Belém = casa do pão!) vai ver, celebrar e seguir o sinal dos tempos.
16. A nova era começa fora da cidade dos homens. Nessa sociedade não há lugar para a esperança. Só quem precisa ou se doa pela causa da justiça pode querer o mundo novo onde lobo e cordeiro se abraçam e onde não se chora senão de alegria.
17. O ano novo é o apelo para a mudança. Em geral, toda pessoa quer mudar de vida, de preferência por uma interferência caída do céu. Daí, tantas simpatias. Só que mudar, tanto é alegria, como aventura que exige entrega total, ativa e comprometida.
18. O tempo avança inexorável. O rio continua o mesmo porque muda. Quem não muda, desaparece. O medo de mudar, de tão resistente, se quebra como o vidro. Muros e armaduras – físicas e imateriais – protegem o patrimônio, mas aprisionam a felicidade.
19. Só depois de mudar se saboreia as vantagens da mudança. Vê-se que a segurança não passa de velharias – tralhas, crostas, espaços inúteis ocupados, becos sem saída… Renovação é liberdade, novidade, novos prismas, desafios, criatividade…
20. O entusiasmo de final de ano pode gerar o impulso para esse salto na imensidão da vida nova e solidária a ser construída. Diante dessa decisão, baseada em convicção, alguns se fecham, outros se diluem na moda de plantão, outros mudam por fora.
21. A mudança se alimenta de sonho, sem ilusões. A centelha que ainda fumega, no íntimo dos humanos, reacende nesse clima de fim de ano. E não sabendo que existe o impossível, sua sensibilidade pode ir lá fazer o que será para realizar a esperança.