A terra: dom de Deus
Em Puebla, este tema é tratado com o título de propriedade privada. Aqui no documento de Santo Domingo, este tema vem unido ao tema da ecologia, por haver entre os dois uma estreita relação. Os bispos repetem a mais pura tradição da Igreja, no tocante ao ensino social. Não contestam a propriedade privada da terra, mas a relativizam e limitam. A criatura humana pode usar, não como dona absoluta, mas como administradora.
No que toca à situação problemática da terra, os bispos lembram três visões existentes: indígena, mercantilista e cristã.
Na visão indígena da terra é a mãe, vida, lugar sagrado que alimenta seus filhos, por isso há que cuidá-la e não matá-la.
A visão mercantilista considera a terra numa relação exclusiva com a exploração e o lucro. A terra é objeto de compra e venda e que vale muito dinheiro. No Brasil, a terra começou a adquirir valor, quando começou a diminuir o valor do escravo. A partir de 1850, com a lei da terra, alguns anos antes da abolição da escravatura, o valor que tinha o escravo passa agora para a terra. Ela se torna agora objeto de compra e venda.
A visão cristã tem seu fundamento na Sagrada Escritura, que considera a terra e os elementos da natureza como aliados do povo de Deus e instrumento de Salvação. Os bispos afirmam que, na A. Latina e no Caribe, um dos apelos mais urgentes à promoção humana é, precisamente, a situação da apropriação, administração e utilização da terra.
Nas linhas pastorais, o que chama atenção é o fato de que a Igreja deve apoiar a luta de camponeses e indígenas, para conservar ou readquirir suas terras. Na parte conclusiva, voltaremos a fazer considerações ainda sobre a questão da propriedade e do pensamento da Igreja sobre ela.