É conhecido o lugar considerável tido por ele na elaboração do pensamento cristão. Na pessoa dele encontram-se simbolizadas três culturas – a judia, a grega, a romana- que marcarão a difusão do cristianismo. Conforme a tradição, ele nasce entre os anos 5 e 15 da era cristã, em Tarso na Ásia Menor, filho de uma família judia , zelosa e ele próprio fora fariseu, portanto, tendo recebido uma sólida formação rabínica em Jerusalém, fala a língua grega e também tem o privilégio de ser cidadão romano.
Ele não teve a chance de conhecer pessoalmente o Cristo. Em Jerusalém, ele faz parte, inicialmente, daquele grupo judeu dentre os mais hostis aos cristãos e os persegue sem poupá-los. Ele assiste e aprova o apedrejamento de Estevão, o primeiro mártir cristão.Ele estava, exatamente,em Damasco, pelo ano 38, com a missão de perseguir os cristãos. E é nessa ocasião que é lançado por terra por uma força invisível e há o apelo à conversão com o apelo a se tornar um dos mais ardentes discípulos de Cristo.O essencial de sua missão vai se realizar ao longo de três grandes périplos, entre os anos 44 e 58, por terra e por mar, e ainda pela quarta viagem que irá conduzi-lo ao cativeiro em Roma no ano 59.
A hostilidade dos judeus, mas também dos judeus cristãos, dos quais ele faz parte, o conduz rapidamente a se consagrar àqueles que parecem estar distantes do cristianismo, os pagãos, que os judeus chamavam de “os gentios”.
Ele teve um papel decisivo na grave controvérsia que afetou a comunidade dos primeiros dias. A grande pergunta era: os pagãos que se convertem ao cristianismo devem ou não passar pelos rituais judeus, isto é, para só depois serem cristãos. Paulo foi decisivo nesse momento, mostrando o novo estado de coisas que a Verdade do Evangelho trazia.
Alem da obra teológica que ele deixou através de suas epístolas, o balanço de sua ação missionária é considerável. Ele multiplicou e consolidou as Igrejas da Ásia Menor (Galácia e Éfeso) e contribuiu para fazer penetrar o cristianismo no mundo ocidental evangelizando as grandes cidades da Grécia (Filipos, Tessalônica, Corinto) e, sobretudo, em Roma, onde morre, provavelmente em 67, um pouco após Pedro. Os dois são venerados conjuntamente e são considerados como “colunas da Igreja”, de acordo com Clemente, o terceiro Papa após Pedro, pelo ano 95.
As epístolas de Paulo que são chamadas de “corpo paulino”, e se revestem de uma importância particular aos olhos dos cristãos e dos estudiosos, pois é lá que se encontra exposta a teologia dele.Suas treze epístolas, designadas pelos nomes de seus destinatários respectivos, são classificadas não pela ordem cronológica, mas pelo tamanho, isto é, da maior para a menor. Dentre as epístolas, há aquelas chamadas “do cativeiro” ( Filipenses , Colossenses, Filemon). As epístolas chamadas “pastorais” são as de Timóteo e de Tito. Eles são assim chamadas pois dão instruções aos jovens pastores responsáveis pelas comunidades cristãs. A epístola aos Hebreus, certamente não pertence a Paulo, talvez a um discípulo e é considerada mais uma homilia do que uma epístola propriamente dita.
Paulo está associado à perspectiva ecumênica da Igreja Católica por essa dimensão de univesalidade que trouxe ao cristianismo nascente.A Igreja de S. Paulo Fora dos Muros, em Roma, é considerada como o túmulo desse Apóstolo. É lá que a Igreja toma iniciativas ecumênicas. Foi lá que o papa João XXIII anunciou o Concílio Vaticano II. Foi esse Papa que tomou, oficialmente, posição em favor do movimento ecumênico. Antes dele, Roma havia manifestado uma certa desconfiança e reticência a esse movimento que nascera em seio protestante. Mas houve na história do ecumenismo católico algumas ilhas de inovação que abriram caminhos para um futuro diálogo. O Pe. Portal, associado a um anglicano, o Lord Halifax, organizou os encontros de Malines, na Bélgica (1921-1925) entre católicos e anglicanos, presididos pelo Cardeal Mercier.Também o padre beneditino belga, D. Lambert Beaudouin, com a fundação do mosteiro de Chevetogne (1925) e o Pe. Dumont, dominicano francês, criaram dois centros abertos ao diálogo com as igrejas orientais. Em 1937, o padre francês Congar com o livro Cristãos Desunidos, foi a primeira expressão de uma teologia ecumênica católica.Em 1960 o Papa João XXIII criou o Secretariado para a União dos Cristãos , encarregado das relações ecumênicas com as igrejas não romanas. Tudo isso influiu diretamente no Concílio Vaticano II concebido como um meio de atualizar a mensagem do Evangelho para os nossos dias e aberto a uma perspectiva de aproximação entre as Igrejas Cristãs.
O Documento de Aparecida fala na influência de uma cultura materialista na qual estamos imersos e nas conseqüências de um egoísmo inerente a essa cultura.O cristianismo sempre mais unido poderá responder, de forma mais efetiva, às necessidades e desafios do nosso tempo.
Sebastião Heber. Prof. adjunto da UNEB, da Faculdade 2 de Julho e da Cairu. Membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e da Academia Mater Salvatoris.