www.padrebeto.com.br


Para falar a verdade, eu nunca gostei muito de ir ao circo. Apesar de admirar os artistas que fazem o espetáculo, sempre me incomodou a situação dos animais. Mas, naquele dia, eu deveria acompanhar a turminha da comunidade de crianças da paróquia onde estava. Afinal, a criançada, já há um bom tempo, desejava fazer um passeio com o mais jovem padre da comunidade e o circo recém chegado à cidade foi o motivo ideal. Lá fomos nós. Entre todas as coisas, o que mais chamou a atenção das crianças foram os enormes elefantes. Após o espetáculo, a turminha me convenceu a dar uma olhadinha nos “pesos pesados”. Realmente, todos nós ficamos surpresos pois aqueles enormes animais estavam presos por uma simples coleira e uma pequena corda. A curiosidade da criançada foi tamanha que tive de chamar o encarregado dos elefantes para que ele explicasse como é possível que um animal tão grande e forte permaneça preso por apenas uma coleira. O encarregado dos elefantes ! era uma jovem. Alisando com muito carinho um dos animais, a moça explicou, então, às crianças: “Já bebê, o elefante recebe uma coleira. Como é pequeno e não tão forte, ele não tem condições físicas para quebrar a coleira e se libertar. Todas as suas tentativas, e elas são muitas, acabam se frustrando. Quanto mais tentativas frustradas o elefantinho possui, mais ele fica convencido de que a coleira e a corda pertencem à sua vida e é impossível lutar contra elas. Ele, então, aprende a se submeter à coleira e permanece assim por toda a sua vida. Quando o elefante se torna adulto está totalmente submisso à sua condição, pois suas muitas experiências enquanto filhote o ensinaram que sua vida não vai além da coleira e a luta contra ela é simplesmente inútil”.
Através de um processo de educação que acentua mais os erros que os acertos, aprendemos a dar grande importância às experiências negativas da vida e formamos, assim, uma mentalidade que não nos valoriza como deveria e nos contagia com um descrédito em relação ao nosso poder de realização. Graças a Deus, o ser humano é dinâmico e mutável. Se aprendemos com o tempo a pensar negativo e, muitas vezes, nos sentimos incapazes de realizar algo novo, podemos, sem dúvida alguma, também aprender a pensar positivo e nos tornarmos cada vez mais sujeitos de nossa história. Pensar positivo é saudável, afirmam os pesquisadores da universidade americana de Wisconsin-Madison. O que a cultura popular sempre afirmou foi provado cientificamente: pensar negativo não faz nada bem, ou melhor, deixa doente. O pessimista apresenta maior nível de atividades no lado esquerdo do cérebro chamado de alto pré-frontal córtex, enquanto que as atividades do lado direito estão ! ligadas aos pensamentos positivos. Os cientistas americanos comprovaram que pacientes não reagem bem, por exemplo, a vacinas contra a gripe, quando apresentam alto nível de atividade do lado esquerdo do cérebro. Em outras palavras, o pessimismo pode afetar o sistema imunológico. Pensamentos negativos ou positivos geram emoções e estas representam um importante papel na modulação do sistema corporal que influencia nossa saúde.
Pensamento positivo, porém, não significa mergulhar em uma falsa ingenuidade burguesa que procura nos convencer sempre que, por mais desgraças que existam, tudo está bem e vai se tornar melhor. Pensamento positivo não significa também tornar-se cego diante da coisas ruins da vida e evitar sempre tematizá-las. O elefante precisa de um conhecimento realista de si próprio para perceber sua verdadeira força e utilizá-la em sua libertação. “Os ventos e as ondas estão sempre do lado dos navegadores mais competentes” (Edward Gibbon). Da mesma forma, nós nunca saberemos do que somos verdadeiramente capazes se somos tomados pelo medo e pelas lembranças ruins do passado. Quem possui uma postura positiva diante da vida não se recusa a reconhecer o negativo, recusa-se sim a estacionar-se nele. Pensar positivo é basicamente pensar e agir acreditando profundamente em nosso desenvolvimento pessoal. “Não tento dançar melhor do que ninguém. Tento apenas dançar melhor! do que mim mesmo” (Mikhail Baryshnikov). O pensamento positivo é um hábito mental que nos leva a buscar os melhores resultados das piores condições. Mesmo no caos é sempre possível procurar um meio para construir; mesmo em grandes perdas é possível guardar-se o melhor. Fato notável é que, quando se procura pelo melhor, temos grande e realista probabilidade de encontrá-lo. Portanto, pense alto e acredite em suas condições reais. “Fica estabelecida a possibilidade de sonhar coisas impossíveis e de caminhar livremente em direção aos sonhos” (Luciano Luppi).
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]