Tomé 29 de dezembro de 2009

É oportuno aqui comparar a função dos sacerdotes e a dos religiosos e porque a destes não cai sob o sacramento. Os sacramentos foram definidos no tempo escolástico como sete pelo bispo Pedro de Lombardo e o sacerdote dominicano Tomás de Aquino. Não se sabe por que eles consideraram o sacerdócio mais importante ou como um sacramento e a vida religiosa não. Ambos são maneiras de servir o povo.

Dependendo de como se entende o sentido da palavra “vocação”, vai se determinar sua aplicação. Para uns, o sacerdócio é uma vocação. Ainda que seja um sacramento como é o matrimônio, não concordo que seja uma vocação no mesmo sentido, tanto a vida matrimonial como a vida religiosa. Para mim, o sacerdócio é um ministério dedicado ao serviço das famílias pela administração dos sacramentos. Inclui também agora a liderança paroquial. Ainda que não seja comum na Igreja Romana, mas sim nas outras Igrejas do Leste, homens casados e os celibatários podem receber o sacerdócio. Sua ordenação pode realizar-se, sendo casado ou não. A vida religiosa é uma vocação leiga ou não sacerdotal, assim como a do matrimônio. A sua vocação é um estilo de vida consagrada, dedicada ao serviço das famílias por seus ministérios tais como de educação, saúde, serviços sociais e muitos outros. Ministérios são determinados pelos dons dos indivíduos nos diversos campos de ação, tais como música, educação, saúde, por acompanhamento aos sofredores ou aos viciados, apoio das pessoas em crise e por sua experiência etc.

Como foi dito acima, o sacerdócio cristão nada tinha com o do tempo dos judeus. Ele iniciou com aqueles que foram líderes das comunidades da fé, possivelmente ambos, homens e mulheres em cujas casas se reuniam. São Paulo descreveu os ofícios de serviço numa Igreja como primeiro, os apóstolos, depois os profetas e terceiro os mestres apontados para cada Igreja. Em seguida vieram os dons dos milagres, das curas, da assistência aos pobres, e a orientação da assembléia (1 Cor 12:28-29). Como se desenvolveu o sacerdócio cristão não está claro. Podia ser dentre os donos das casas de reunião, os mestres, os assistentes, ou de todos estes ou de nenhum. Em todo caso, a comunidade da fé foi responsável pela escolha da sua liderança. Não foi assim com o sacerdócio do Jesus.

A carta aos Hebreus descreve o sacerdócio de Jesus, recebido de Deus para sempre como o de Melquisedec. A carta continua com a distinção entre este e o dos Levitas. Nenhum destes foi dado por ordenação, que foi desconhecida por muito tempo (7:20-24). Na carta 1 Pedro, o sacerdócio de Jesus, da “pedra viva” rejeitado pelos homens, foi dado a todos cristãos como “pedras vivas” na construção do tempo espiritual e formando um sacerdócio santo […] (2:4-5). Este sacerdócio de Jesus é dado a todos os cristãos e foi reconfirmado pelo Vaticano II (Lum. Gen. 10).

Em contraste, a vida religiosa propriamente dita, acha a sua origem em São Bento. Cerca de 500 d.C., ele saiu de casa com um grupo de seguidores e escreveu uma Regra de Vida para eles. Eles fundaram uns mosteiros e viviam esta Regra no esforço de viver mais intensamente a vida cristã. Durante o correr dos séculos, outros grupos de homens e de mulheres se reuniram em torno de um líder para fundar Ordens, como os franciscanos, dominicanos, as Sociedades como os jesuítas e salesianos, e as Congregações, como os maristas e de Santa Cruz. As pessoas se tornam membros destes depois de um período de instrução e experiência fazendo os votos de castidade, pobreza, e obediência.

Enfim, há uma diferença entre um ministério e uma vocação. Uma vocação requer um compromisso consagrado para um estilo de vida, isto é, a uma vida matrimonial ou religiosa. Um ministério exige certos dons ou talentos, assim como pregar, ensinar, liderar, cantar, escrever etc. Na parte da crisma, mostrei como o candidato recebe dons do Espírito para servir a sua comunidade – isso será o seu ministério. O sacerdócio ordenado iniciou assim, como um ministério de serviço. Durante o correr dos séculos, assumiu uma permanência, o celibato e enfatizou uma educação superior especializada. Por isso lembra de uma vocação.

Questionário

1. Cite maneiras com que o sacerdócio serve famílias.
2. Cite maneiras com que os religiosos servem famílias.
3. Qual é a diferença principal entre o sacerdócio de Melquisedec e o dos Levitas.
4. Qual é a diferença principal entre estes sacerdócios e o de hoje.
5. O que significa o “sacerdócio do povo”?
6. Quais são umas diferenças entre uma vocação e um ministério?
7. Quem é o “pai” da vida religiosa?

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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