Tomé 15 de dezembro de 2009

É natural que todos os sacramentos variassem de uma igreja à outra – todas Católicas. No Oeste, principalmente na Europa e nas Américas, a Igreja de Roma é a mais conhecida. No Leste, porém, no mundo mais velho há outras igrejas católicas, menores, mas que também traçam a sua história até os Apóstolos como seus fundadores. Entre eles há Pedro em Roma, os Melquitas na Antioquia, Paulo com os Melquitas em Alexandria, Barnabé no Chipre, André em Constantinopla, Marcos na Grécia, talvez Tiago de Alfeu com os Melquitas, em Jerusalém e alguns dizem Tomé na Índia. Os ritos e as liturgias assumiram características da cultura do povo de modo que podiam comunicar o sentido eclesiástico para os fiéis.

As características sacramentais que se modificaram mais durante os dois milênios na Igreja de Roma foram as das ordens. Vê-se nos Atos dos Apóstolos como Matias ganhou entrada no grupo dos Doze (Atos 1:26). Também, como Estevão e outros foram “ordenados” para servir o povo à mesa (Atos 6:5). Não está conhecido como os líderes das primeiras comunidades de fé foram escolhidos ou instalados. Entende-se que a sua ordenação valia numa só comunidade enquanto ele a liderava, isto é, não era permanente.

Mais tarde, quando o imperador romano Constantino declarou o Cristianismo a religião do império, no quarto século D.C., muitas mudanças importantes ocorreram. Grandes edifícios foram construídos para abrigar os novos fiéis e estes tomaram o lugar tradicional das casas das comunidades de fé. Homens, que hoje se chamam bispos, foram instalados pela imposição de mãos para presidir sobre os sermões, sobre as Sagradas Escrituras e o partir e o partilhar do “pão.” Nessa época São Jerônimo traduziu as Escrituras do grego ao latim, que o povo falava. Também Santo Augustino de Hipona foi proclamado “bispo” pela assembléia do povo. Ele não fora batizado ainda. Isso foi feito por Santo Ambrósio e foi ordenado pela oração e imposição de mãos. Este ato é visto com um de ordenação.

Além dos bispos, nas cidades principais naquele tempo surgiram outros homens denominados anciões, presbíteros, e diáconos para servirem na liderança das grandes igrejas e catedrais. Não é bem claro se eles se consideravam sacerdotes ou não. O sacerdócio existia desde o tempo de Abraão, 1850 a.C., com Melquisedec. Ele não foi ordenado. O sacerdócio entrou entre os hebreus com Moisés e por herança na tribo dos Levitas, também não ordenados. Estes serviram no primeiro Templo judaico desde Salomão até quando o segundo Templo foi destruído pelos Romanos. Com isso, o sacerdócio desapareceu da história judaica e o seu lugar foi assumido pelos fariseus – os catequistas ou educadores da religião.

Entre os cristãos romanos, o celibato entrou no sacerdócio no século IV e pelo século XII se tornou obrigatório. Durante essa época, os construtores das grandes igrejas adotaram a arquitetura que imitava a do Templo judaico. Vê-se nelas o tabernáculo, o altar, o santuário para os sacerdotes, separado da nave para o povo. Simultaneamente o clero assumiu mais e mais as funções litúrgicas e a participação do povo caiu para nada. Pouco a pouco o povo, separado fisicamente das liturgias, criava as suas devoções particulares dando origem à “religião popular.” Isso incluía o terço, a via sacra, procissões, peregrinações, ladainhas e muito mais.

Enfim, as ordens são o sacramento do ministério da liderança eclesiástica. O ordenado tem o ofício para dirigir as funções litúrgicas com a autorização do bispo local. Sacerdotes podem ser diocesanos, fixos numa diocese, servindo a igreja local. Outros sacerdotes são religiosos, membros de alguma ordem ou congregação e servem a igreja missionária. Podem ser enviados para servir em qualquer lugar.

Até o Concílio Vaticano II, haviam vários graus ou passos para a ordenação. Haviam umas quatro ordens menores – porteiro, leitor, exorcista e acólito, e três ordens maiores – subdiácono, diácono, e sacerdote. O bispo foi incluído no sacerdócio. O Vaticano II redefiniu as ordens sendo o bispo agora ordenado e o sacerdote participante na sua ordem. O Concílio também criou um diaconato laico permanente, isto é, que não leva ao sacerdócio.

Questionário

1. Cite três maneiras em que você viu a liturgia católica se modificar.
2. Conforme a Bíblia, como havia mudado o sacerdócio de Melquisedec aos Levitas?
3. Cite uns nomes dos servidores da igreja nos primeiros séculos.
4. Por que as devoções populares foram criadas pelo povo? Cite algumas.
5. Quais são os ministérios mantidos pelo povo hoje e que antes eram limitados ao clero?
6. Qual é a função principal dos ordenados hoje?
7. Qual foi o processo para “ordenar” Santo Estevão e seus seis companheiros?
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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