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Quando vejo um casal na faixa dos 70 com demonstrações mútuas e sinceras de carinho e afeição, lembro uma pequena história de autor desconhecido, que li há algum tempo atrás. Parece-me muito interessante e instrutiva e queria hoje compartilhar com meus leitores.

Numa ilha deserta, estabeleceram-se certa vez o Amor, a Arte, a Sabedoria e a Riqueza. O Amor era o mais pobre de todos, o mais desprotegido, o mais carente. Houve um estranho fenômeno no oceano e o mar começou a inundar a ilha. Era urgente abandoná-la e buscar uma região segura onde se instalarem, mas só havia três barcos na ilha. Logo foram tomados pela Arte, pela Sabedoria e pela Riqueza. O Amor pedia aos três que lhe dessem uma carona para ele poder deixar a ilha.

A Arte respondeu-lhe que isso não era possível, porque o Amor poderia estragar suas preciosidades artísticas, suas pinturas, suas esculturas, suas riquezas históricas.

A Sabedoria disse ao Amor que não poderia levá-lo em seu barco, porque ela necessitava de silêncio, reflexão e muita meditação. E certamente o Amor iria perturbar sua concentração e profundas investigações.

A Riqueza negou um lugar ao Amor, porque seu barco já estava muito carregado de dinheiro, jóias, pedras preciosas e outras preciosidades, e com mais um ocupante, poderia afundar.

O Amor ficou sozinho, triste, abandonado, seja da Arte, como da Sabedoria e da Riqueza, quando apareceu um Velho num barco, que o convidou a ir com ele para outros lugares, onde o Amor fosse aceito.

Então, o Amor perguntou ao Velho: “Quem é o senhor?” e o Velho respondeu: “Eu sou o Tempo!”

Assim, o Amor ficou sabendo que só com o tempo é que se solidifica e se fortalece o verdadeiro amor…

Nas poucas celebrações do santo sacramento do Matrimônio a que presido, como ministro assistente, gosto de citar certa frase de autor desconhecido: “Amar é uma tarefa que não termina nunca”. O tempo amadurece, solidifica e aprofunda as razões do verdadeiro amor. Amor é doação, é entrega mútua e com o tempo, ele se torna mais maduro e aprofundado.

Outro pensamento que gosto de citar e muito simpatizo é : “Amar não é olhar um para o outro, é olhar os dois na mesma direção.” Os caminhos incertos da vida, palmilhados um ao lado do outro, tornam o amor mais sincero, profundo e autêntico e capaz de vencer todas as dificuldades da caminhada em comum.

(*) É arcebispo emérito de Maceió.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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