Djanira Silva 4 de novembro de 2009


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A voz da mãe, despertador insistente, fala, ralha, reclama, insiste. Infelizmente o tempo não volta e se por acaso voltasse nada seria igual.
Os sinos tocam o chamado urgente ecoa pelas ruas, campos e serras.
Oito horas da manhã. Missa da Juventude. De um lado os rapazes, do outro as jovens, cheias de energia. Olhares cruzados. Pensamentos longe do altar. Ali, não apenas olhares, alguns destinos também se cruzaram.
A menina nem sempre queria ir para o colégio. A inconseqüência da mocidade mandava ficar pelos caminhos; a sabedoria dos mais velhos, obedecer, aprender, estudar. O que ela queria mesmo era brincar de pega ao redor das casas, das cercas de avelós, fugir das aulas para colher goiabas nos quintais vizinhos, pular no bueiro que transbordava quando chovia, cair na água, chegar em casa, molhada, espirrando e tossindo, ficar de cama e tomar chá de erva-cidreira com mel de abelha.
A avó, aconselhava: se você não estudar nunca dará valor a estas coisas. O estudo é a luz que ilumina os caminhos e disto só sabemos quando ficamos de frente para o mudo. Guarde suas saudades, curta o seu tempo. Não enfrente barreiras que possam levá-las aos precipícios. Estude, minha filha, estude, você não sabe o quanto é triste a gente não saber ler nem conhecer nada do mundo. Sofri muito por não ter estudado. Meus pais moravam no sítio e lá não existiam escolas. Outra coisa, tenha cuidado com as amizades e lembre-se sempre que os bons amigos são aqueles que nos tornam melhores.
A avó sempre tinha razão. Gostava de conversar com ela. Um dia ouviu o pai se queixar: eu hoje seria outro se tivesse estudado. A mãe dizia que seus pais eram pobres, moravam longe da cidade e não tiveram condições de mandar os filhos para a escola.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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