Paula Barros 20 de outubro de 2009

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Vendo teus olhos naquela manhã sorridente, tive medo. Medo de me deixar encantar e passar a escutar um canto que tocasse o meu corpo. Debrucei-me sobre o próprio corpo, tampei meus olhos com lágrimas, rendi a respiração, para aprisionar o medo e deixar ele me deter. Gritava o grito dos mudos, urrava dentro de mim, pare emoção, pare.

Naquele dia, vi o quanto estava frágil. Suas palavras dengosas me embalavam. Uma voz sussurrava dentro de mim: não se deite nessa rede tecida com o amor que é para outra, esses olhos caramelados não lhe olharão isentos da dor de amor que não foi curada.
Ah, a cor dos teus olhos, não sei se é a cor que vi. Não sei se é cor de mel. Lembraram-me bombom de cevada da minha infância, com sabor de quero mais. Senti o gosto dos teus olhos na ponta da língua.
Tuas mãos acariciavam teu rosto, repetindo autocarinhos e despertando em mim, desejos. No momento não pensei em ser acariciada pelas tuas mãos fantasiadas de veludo. O meu desejo foi contornar teus olhos, os lábios, foi tatear o rosto com a delicadeza e sensibilidade dos deficientes visuais, mesmo que minhas mãos, gastas pelo tempo, não tenham a maciez e leveza das tuas.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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