Nos estudos dos sacramentos de batismo e crisma, podemos ver como estas celebrações estão em paralelo com celebrações sociais – coisas que tribos e famílias vinham fazendo desde sempre para integrar aos poucos os membros no grupo formalmente. Provavelmente, foram denominados “sacramentos” porque quando as comunidades de fé os celebraram, a vida e o poder do Espírito de Deus se revelaram. Mas a comunidade de fé não se baseia nos jovens; ela está fundada nos casais e suas famílias.

Parece que desde a antigüidade, toda tribo e civilização tinham um rito para formalizar a união matrimonial. Nem só o mais antigo, o matrimônio é o mais importante dos sacramentos. É o único que não pode se desprezar (Ef. 5:25-27). O batismo e a crisma são como degraus para chegar ao matrimônio e veremos como os outros quatro existem para apoiá-lo. Como os primeiros dois sacramentos envolvem sérios compromissos da comunidade, também o faz o matrimônio. Não é por acaso que o matrimônio é o único sacramento em que os ministros são os noivos – os recipientes do sacramento.

É uma tristeza que hoje os compromissos que cabem à comunidade em relação aos recém casados mal existam. Os noivos querem se consagrar um ao outro, mas carecerão do apoio dos casais experientes. Os dois vêm falando de “amor, família, filhos etc.” sem perceberem que os seus sonhos são bem diferentes. Um foi criado numa certa família como um homem e estas palavras significam certas coisas conforme a sua criação; outra foi criada numa outra família como uma mulher e se entende outra coisa pelas mesmas palavras. Até um certo ponto, ele entende que a sua mulher vai ajudá-lo a viver feliz conjugalmente; ela mirando no “ninho” quer que o marido a apóie, sustente, e proteja a sua família. Enfim, é ela quem vai conduzir o “barco” no dia a dia. Na família eles têm direitos iguais mas funções e responsabilidades bastante diferentes.

Na realidade atual, os dois saem da cerimônia paroquial casados mas estão abandonados para zarpar o seu barco sozinhos para estabelecer sua política familiar. Esta é uma das razões por que a metade dos casamentos terminam em desastres e divórcios. Há muita ênfase num desentendimento no Ef. 5:22 mas é Ef. 5:21 que diz que eles deverão se submeter um ao outro. Em seguida há umas sugestões!

No rito matrimonial sempre há testemunhas. Na prática elas deveriam estar prontas a acompanhar e aconselhar os recém casados com a sua própria experiência matrimonial. No ideal é a comunidade cristã cujo compromisso para com os noivos é responsável pelo apoio e orientação na sua integração nela. Num certo curso de noivos o orientador paroquial frisava bem os compromissos que os noivos iam fazer para com a comunidade. Um jovem lhe perguntou: “E qual é o compromisso da comunidade com a gente?” Ele foi logo expulso do curso por sua intromissão, pois o próprio orientador do curso nada sabia deste compromisso. Havia uma resposta. O que não havia era uma comunidade capaz de assumir o compromisso.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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