14 de outubro de 2009
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Parada.
Estática.
Muda.
Os galhos do salgueiro chorão arranhavam pelo lado de fora a janela. Era tarde. Madrugada. 01h00. Ninguém em casa. A rua deserta. As primeiras gotas da tempestade começando a cair. Um cachorro latia longe, (talvez perto demais). O barulho se assemelhava a um uivo, daqueles assustadores em que um frio corre pela espinha.
Voltou pra cama. Devagar. Passadas leves. Caminhou de costa para encarar. Encolheu-se debaixo dos lençóis. Varreu o ambiente ao redor com um olhar rápido. Tentou acender a luz do abajur. Estava queimada. Tentou a do celular. Descarregado. Nenhum sinal. Cobriu a cabeça, no entanto sentia que ainda estava lá.
Rezou. Mas esqueceu as preces meio segundo depois. Quis sair correndo, mas e se tropeçasse é caísse no carpete? Ele com certeza a pegaria e faria algo pior. Melhor nem pensar. E se gritasse? mas quem iria ouvir?
Quis a mãe, o pai, o avô, o irmão chato. Quis que qualquer pessoa estivesse ali para protegê-la. Mas estava completamente só. Sozinha. Arrependeu-se de não ter ouvido os apelos do sono. De ter ficado acordada até tarde quando deveria estar na cama. Agora estava ali, frente à frente. Com medo.
Não via saída. Teria que enfrentá-lo. Não tinha uma arma. Teria que improvisar. Discretamente estendeu o braço direito e passou por baixo da cama. Tateou alguma coisa. Talvez servisse. Talvez pudesse usá-la, ou melhor, usá-lo. O tênis da escola. Não era muito grande, afinal ela calçava 36. Grande arma um tênis! Grande arma para se encarar o medo.
Mirou. 30 segundos depois o tênis voava pelo quarto e atingia alguma coisa…
Acuado, o bicho-papão voltou para o armário depois de levar uma sapatada.
Obs: Imagem enviada pela autora.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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