15 de setembro de 2009
A articulista Terezinha Nunes, deputada pelo PSDB, pelo visto achou exemplar o procedimento do rei Juan Carlos da Espanha mandando o presidente Hugo Chávez calar-se durante a Conferência Íbero-Americana de 2007, em Santiago do Chile.
Causa espécie uma deputada elogiar tal atitude, sem levar em conta que Hugo Chavez é o presidente de uma república livre e soberana, legalmente eleito pelo voto também livre e soberano do povo venezuelano.
Na verdade, as supostas “bobagens”, assim denominadas pela deputada, eram assuntos relevantes para a Venezuela, pois diziam respeito à postura prejudicial aos interesses do povo venezuelano por parte de empresas espanholas naquele país, heranças do governo do primeiro ministro ultra direitista, José Maria Aznar. Era tal fato que o presidente Hugo Chávez estava denunciando na presença do rei Juan Carlos e do então primeiro ministro José Rodrigues Zapatero, portanto não se tratavam de “bobagens”, como traduziu a deputada neoliberal.
Com efeito, o rei da Espanha, em nenhuma hipótese, poderia arrogar-se o direito de mandar Hugo Chávez calar-se, porquanto um rei de outro país, por mais rei que seja lá na sua terra, jamais poderia mandar calar um presidente eleito democraticamente e pior, numa conferência de nações vizinhas da Venezuela, no continente Latino Americano, como se estivesse dando ordens a um lacaio espanhol, na Espanha.
A postura autoritária do rei Juan Carlos é que foi criticada em todo o mundo democrático e aqui no Brasil sofreu séria condenação por parte de jornais e revistas comprometidos com a democracia e a liberdade de expressão, os quais, ao contrário da deputada, consideraram o chilique autoritário do rei da Espanha uma atitude bastante imprópria para um representante de estado.
Aliás, é sabido que o ditador fascista Francisco Franco “deixou como herança não contestada uma monarquia e um Rei paridos pelo franquismo. E Juan Carlos, independentemente da apreciação que se possa fazer sobre o seu reinado, é a marca mais forte de como Franco continua a existir politicamente em Espanha e na parte mais cimeira e mais visível da simbologia e do ritual do Estado….
“É esta a fonte de legitimidade do Rei Juan Carlos. É esta a marca mais viva da continuação da vitória de Franco, contra a legalidade democrática e republicana, conseguida em 1939, com o apoio de Salazar, Hitler, Mussolini e os Mouros marroquinos, em cima dos cadáveres de mais de um milhão de espanhóis”. (Publicado no Google, em 22 de novembro de 2004, verbete ESPANHA GUERRA CIVIL (6), por João Tunes).
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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