1 de setembro de 2009
Senhor Senador Pedro Simon.
Assídua assistente da TV Senado, vi e ouvi o seu pronunciamento ainda sobre a crise no Senado, terminando com a única solução que o senhor acha possível, qual seja, a renúncia do presidente José Sarney.
V. Exa. em seu pronunciamento disse e repetiu várias vezes que o Senado não é santo, mas que agora tem se transformado num verdadeiro inferno. E eu pergunto: Só agora, senador? De repente, não mais que de repente? Teria se repetido ali um castigo bíblico, tipo uma das pragas do Egito, ou se cumprido uma previsão apocalíptica, assim de repente? É claro que não. O que se vê hoje no Senado é o que foi plantado politicamente ao longo dos anos e agora estão aparecendo os frutos apodrecidos da falta de ética, da corrução, da venalidade, da irresponsabilidade, dos interesses pessoais escusos, do desrespeito ao povo e ao Brasil, cujas sementes medraram nesse terreno pantanoso que é o Senado Federal.
Ainda em seu pronunciamento, o senhor também constatou que todos, inclusive o senhor, sempre foram omissos, nunca tomaram conhecimento ou não tomaram providência com relação aos graves desmandos, desconhecidos da população, mas não dos senadores, ao longo dos anos, durante o mandato de vários presidentes do seu próprio partido e no decorrer da legislatura de vários presidentes da república.
Então, por que somente agora é que resolveram converter-se e entregar à fogueira, em holocausto da ética, o presidente José Sarney?
Ora, senador Simon, o senhor sabe que o Senado se está ruim com Sarney, poderá ficar pior com qualquer outro, pois, na opinião do povo em geral, nenhum dos senhores merece confiança nessa questão de ética. Ninguém pode atirar a primeira pedra, pois todos tem seus pecados contra a ética, uns maiores, outros menores. Mas, ninguém escapa.
Lembro-me do episódio em que o deputado Roberto Jeferson da tribuna da Câmara acusou todos os congressistas eleitos de fazerem “caixa dois” em suas campanhas eleitorais, mas não vi ninguém contestá-lo. Parecia que ele estava falando sobre uma ficção e não de uma realidade. Ninguém abriu a boca para não chamar a atenção sobre si, pois, pelo visto a carapuça sentou na cabeça de cada um, sem exceção. E nesse sentido, a mídia divulga tudo de todos, até do senhor.
Por isso, não adianta vir, só agora, “chorar as pitangas”. O que os senadores devem fazer é arregaçar as mangas e botar a mão na massa. É trabalhar para recuperar o tempo perdido. É tentar consertar o que vem errado de muitas dácadas. E não somente agora, que o presidente Lula lançou a candidatura da ministra Dilma Roussef, com probabilidade de vitória, é que a oposição liderada pelos senadores do PSDB, do DEM e de alguns que pousam de éticos do PMDB, vêm com essa campanha insidiosa e golpista para derrubar o presidente do Senado. E ainda dizem que são seus amigos, que querem o seu bem, que querem preservar sua imagem, a história de sua trajetória política, a imagem do Senado, etc, etc.
Ora, senhor Pedro Simon, se os amigos procedem assim, melhor ter inimigos declarados. Isso é uma falsidade explícita dos que se dizem amigos e invocando á ética que não têm, pretendem empurrá-lo para a fogueira.
De fato, o que está por detrás disso tudo é a luta política pelo poder. Não existe essa preocupação com a ética, porque se isso fosse verdade, o senhor sabe muito bem que o caminho não passaria pelo golpe, nem pela violência de se derrubar um presidente eleito por maioria dos senadores. O caminho seria uma profunda reforma política e administrativa do Congreso: Senado e Câmara. O caminho seria trabalhar mais tempo, viajar menos, discursar sempre sobre temas do interesse do país e não perder tanto tempo em elogios melosos e palavrórios bajuladores de uns para com os outros, como se vê diuturnamente, pois o Senado é uma casa de provectos que deveriam se pautar pela sobriedade da postura e pela sabedoria e não como gralhas patéticas.
Entretanto, desde maio que esse Senado está completamente parado com relação aos projetos importantes para o Brasil, cuidando somente de denúncias, as mais das vezes vazias ou ridículas, futricas, intrigas, bate-bocas, apartes estéreis e tudo o que pode representar uma tentativa de alvejar o presidente Lula. Esta é a verdade. Tudo mais é armação estudada, gestada no ninho dos tucanos (PSDB) e no covil das serpentes (Democratas, ex-PFL).
Portanto, senador Pedro Simon, não é por aí. Até a ex-ministra Marina da Silva, está se deixando arrastar pela onda oposicionista, picada que foi pela “mosca azul” de uma candidatura à presidente da república contra a Ministra Dilma Roussef.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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