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Olhando o documento à distância de 40 anos e a partir da realidade latino-americana, à luz das ciências pedagógicas, sentimos alguns problemas que queremos apontar:
Ainda domina da primeira página do documento à última, um linguajar predominantemente dualista; assim vejamos:

“…cuidar da vida do homem, também da terrena enquanto conexa com a vocação celeste” (Proêmio).
“Pela família afinal, são eles gradualmente introduzidos no consórcio civil dos homens e no povo de Deus”
“…chegue assim a impregnar de Cristo… modelar ainda o bem da sociedade terrestre.
“desenvolvam com eficiência o bem estar da cidade terrestre, preparando-os igualmente para o serviço da expansão do Reino de Deus,…”
“Preparem-se pois (os professores), com interesse especial, munidos de títulos idôneos de comprovada ciência profana e religiosa,…”
Lembramos ainda um problema que apontamos no início deste estudo: cerca de dois terços da totalidade da Gravissimum educationis é dedicado à instituição escolar: escoa, escola católica, universidade católica, disciplina teológica na universidade e professores. Somente um terço é dedicado à educação em sentido geral.

Há ainda, no texto, uma quase exclusividade de indicação de Tomás de Aquino como modelo a ser seguido. “Sigam nas pegadas dos doutores da Igreja, principalmente de S. Tomás de Aquino. “Assim se realiza uma como que pública, estável e universal presença da mentalidade cristã em todo o esforço de promover cultura mais profunda”. Fazendo assim, o documento estreita os caminhos do campo da educação cristã ao invés de ampliar. Para nós latino-americanos, a educação libertadora de Paulo Freire, que é essencialmente cristã, é muito mais adequada, do que a do grande Mestre criador da teologia. Assim em cada parte do mundo se encontram teóricos e prático da educação que podem ser apontados como orientadores, melhores que Tomás de Aquino.

O Concílio Vaticano II reconhece que a declaração Gravissimum educationis é apenas um ponta pé inicial para um grande trabalho, no campo da educação, que se inicia a partir daí. No final do prêmio se encontra expresso: “É por isso que o Santo Sínodo emite a declaração sobre alguns princípios fundamentais da educação cristã – em particular nas escolas – princípios que deverão ser mais amplamente desenvolvidos por uma comissão especial pós-conciliar e aplicados pelas conferências dos bispos às diferentes condições regionais”. O próprio Concílio reconhece o caráter limitado do documento ao afirmar: “declaração sobre alguns princípios fundamentais da educação cristã”. Em 1968, aconteceu em Medellin, na Colômbia, a 2ª Conferência latino-americana e a primeiro após o Concílio. O número 04 das conclusões desta conferência trata da educação. É um documento primoroso, dividido em 03 partes:

I – Características da educação na América Latina
II – Sentido humanista e cristão da educação
III – Orientações pastorais

O documento denuncia o conteúdo abstrato e formalista da educação na América Latina; denuncia também: falta de espírito crítico; compromisso do conteúdo da educação com as estruturas sócio-econômicas imperantes e educação uniforme quando sua cultura é plural. Propõe para o continente uma educação libertadora.
Mesmo que as associações de escolas católicas sejam anteriores ao Concílio, o documento conciliar sobre a educação cristã incentiva este tipo de organização em todos os recantos do mundo. Aqui no Brasil, a AEC – Associação de educação católica – completou 60 anos em 2005, fundada, portanto 20 anos antes do Concílio.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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