O tema da liberdade está presente na teoria de filósofos como Descartes e Leibniz, ambos associaram a vontade ao entendimento, porém a razão condicionava a liberdade. Portanto, parte da Escola de direito naturalista, consideravam homem livre, mas somente por meio da racionalidade.

Thomas Hobbes, filósofo inglês, é quem apresenta o melhor conceito sobre o tema da liberdade do humano:“Por liberdade entende-se (…) a ausência de impedimentos externos, impedimentos que muitas vezes tiram parte do poder que cada um tem de fazer o que quer, mas não podem obstar a que use o poder que lhe resta, conforme o que seu julgamento e razão lhe ditarem”.

Percebe-se no trecho do Leviatã que o homem é livre para fazer tudo que aquilo que deseja, somente os limites do seu corpo pode impedi-lo de fazer o que anseia. Pois não há nenhum impedimento moral que o impeça de proceder da forma que deseja.

A liberdade hobbesiana se explica, porque o sujeito possui uma extrema necessidade de preservar sua própria natureza, inclusive sua vida, pois no estado de natureza hobbesiano, o sujeito tem que se auto-defender, sua vida está em constante perigo. Por outro lado, muitas das ações dos homens são legitimadas pelo direito natural. Logo, o homem busca a paz, mas ao mesmo tempo corre o risco de depositar a sua paz em outro homem e ser dominado por ele. Assim já não terá mais liberdade sobre suas ações.

Kant, filósofo alemão, critica a razão clássica e o direito natural, embora ainda haja resquício da razão classe na filosofia Kantiana. E a essência ainda aparece precedendo a existência. Pois Kant considerava a razão classe como dogmática, mas no cerne da sua filosofia ele assegura que entendimento é quem garante a essência e a liberdade do humano.

Sartre, combate essa filosofia racionalista que vimos acima, pois ele acredita e defende que o primeiro fato na vida do homem, é a existência e que tudo vem depois desse fato: “Se Deus não existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência; um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito. E que este ser é o homem como diz Heidegger, a realidade humana.

A não possível existência de um ser que cria o homem, o (homem) faz não possuir uma essência pré-definida. Assim o homem, enquanto sujeito primeiro existe, se encontra no mundo, somente depois ele passa a se definir juntamente com os outros homens, pois seu engajamento no mundo é essencial para a sua definição.

Percebe-se que Sartre concebe o homem primeiramente como um nada, pois ele no início somente existe e está no mundo para depois se constituir livremente como sujeito no projeto humano. Sendo o homem o único responsável pela sua definição como sujeito no mundo, “o homem é responsável por aquilo que é” diz Sartre.
Mas o projeto humano não está limitado à subjetividade do sujeito, “pois esse sempre está se projetando para fora de si mesmo, buscando fins transcendentes” como nos disse Sartre. Porque o projeto humano não se restringe à subjetividade de cada sujeito, ele adquire um caráter universal para toda a humanidade. Por isso Sartre nos fala que o “homem não escolhe a si próprio, mas a todos os homens”.

A solidão e angústia, temas presentes na teoria de filósofos cristãos, para esses tanta a solidão como a angústia são caminhos essenciais para que o sujeito caminhe para Deus, ou do finito ao infinito. Mas em Sartre esses são momentos em que o sujeito encontra-se consigo mesmo, pois suas angústias quase sempre são acompanhadas por uma decisão que o indivíduo deve tomar, e tal decisão não é somente para si, mas envolve outros seres, diz Sartre: “… uma responsabilidade direita frente aos outros homens que ela envolve.”. Posso presumir aqui que os homens estão condenados a sozinhos, por meio de acontecimentos na vida, tomarem as decisões de sua existência.

A existência do outro para a constituição da subjetividade de um sujeito é essencial para o existencialismo. Ao contrário do pensamento cartesiano, no qual a subjetividade é constituída através do pensamento, e esse como exercício individual. Portanto, em Sartre o “outro é indispensável à minha existência”. Essa frase comprova que o sujeito é “um no mundo”. “Um no mundo” não se refere simplesmente ao fato de existir, mas ao fato de está no mundo com outros sujeitos que também se encontram nele, embora o sujeito não perca a sua liberdade de ser no mundo aquilo que escolheu ser.

Não devemos deixar de ressaltar a importância de Nietzsche na teoria existencialista de Sartre. A declaração “da morte de Deus” proferida pelo filósofo alemão, foi essencial para que Sartre depositasse no próprio humano, a responsabilidade por seus atos e principalmente pela sua definição como “sujeito no mundo”. Não era mais um ser supremo que definia previamente o sujeito, mas o sujeito, depois de sua existência no mundo, em contato com ele (mundo) constituía seu projeto humano como sujeito no mundo.

Portanto, o Existencialismo foi enriquecido com o pensamento de vários filósofos no decorrer da história, sendo que alguns forneceram elementos de contestação e outros corroboraram para a consolidação do pensamento existencialista. Esse teve como intuito dar ao humano uma possível esperança e compreensão da sua própria existência como humano no mundo.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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