8 de setembro de 2009
O que diria, se vivo estivesse, um herói da pátria, como José Joaquim da Silva Xavier, sobre esta semana da pátria? Também pode se imaginar o discurso articulado de outro famoso herói da pátria, o grande Rui Barbosa, se hoje ele fosse chamado a discursar sobre esta nossa Pátria amada Brasil. Qualquer um desses homens que marcaram a nossa história de independência e moralidade pública, o que diriam eles hoje? Como falariam à sociedade brasileira e em especial às autoridades que dirigem o país, os estados e os municípios, quando entre outras coisas, focalizassem a questão da educação de crianças e jovens em Santarém e na Amazônia?
Se Santarém for um tipo de termômetro para medir o nível desse setor, especialmente o cuidado despendido para com a educação, certamente que Tiradentes estaria organizando nova rebeldia inconfidente perante as autoridades, correndo o risco de ser novamente esquartejado. E pode-se imaginar a Catilinária que faria Rui Barbosa analisando esta situação.
Semana da Pátria em Santarém, ao mesmo tempo em que Escolas, Quinta,URE e SEMED estimulam, com apoio de muitos pais e professores que as crianças e jovens saiam às ruas desfilando em marcha militarizada ao rufar de tambores, em ritmo de ordem e progresso, vários outros jovens estão fazendo passeatas de protesto em outrasruas, rumo ao Ministério Público, por causa das ruínas dos prédios escolares do Estado. O risco de desastres com graves conseqüências é iminente.
Tanto é grave que o Ministério Público acaba de fazer uma advertência à Seduc e à governadora do Estado. Ou conserta imediatamente as escolas em perigo, ou terá que arcar com as conseqüências judiciais e pecuniárias. Nem precisa ser um Rui Barbosa para bradar contra o descaso oficial sobre a educação na região. Os estudantes mesmos ocupam hoje as ruas para fazer um discurso mais contundente. Em vez de desfile marcial, uma passeata de protesto e uma denúncia oficial no MPE.
Assim afirmam eles e elas – Ou ficar a pátria livre, ou morrer pela educação de qualidade. Pátria! Que Pátria? Pergunta-se à Quinta URE, à SEDUC, à Governadora do Estado. E se pergunta também às escolas que promovem o desfile marcial e aos estudantes todos de Santarém. Oh! Pátria, o lábaro que ostentas estrelado está manchado por causa do abandono da educação no Pará.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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