Malu Nogueira 25 de agosto de 2009


Rasguei a noite, sem luar,
Cavei estradas cheias de rãs e pererecas.
Derrubei pedras, sem saber aonde chegar.
Vi o céu ser alumiado por relâmpagos,
Com trovões que assombravam os campos
E me mostravam galhos que se balançavam
Sob o peso dos pingos da chuva,
A terra barrenta escorria estrada abaixo,
Amolecida pela chuva,
Riachos enchendo
E o barulho de água caindo,
Vindo do céu escuro, pesado de água,
E eu subindo contra a avalanche de barro,
Que escoria e destruía o relevo de estrada
Que eu não conhecia e nem sabia quando terminaria.
O vento corria e me impulsionava para cima da serra,
Impossível retroceder,
Precipício de um lado,
Serra do outro
E eu, encolhida no meio da serpente de barro
Numa estrada que não tinha fim,
Com ânsia incontida
Meus olhos, na noite escura
Abriram-se para o fim da serra do vento,
Que me recebeu com luze belos jardins
E me perguntou o que eu queria dela
E eu, estradeira, pedi do seu vento,
Que viesse forte e mexesse comigo
Sacudisse dos meus galhos, as lágrimas
Que eu não quero mais derramar,
Levar os vultos que me cercam
Apagar as pegadas divididas no meu espaço.
Clamei por vendavais e tufões
Cobrei uma varredura nos meus pensamentos
Dissipando-os em fragmentos a serem espalhados
No fundo da serra do vento.
Uma limpeza completa,
Sem página rasgada,
Sem recortes de figuras,
Só o vento da serra, soletrando meus pedidos,
No gorjeio do passarinho
Que me ensina a amar.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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