Nascida do desenvolvimento das escolas medievais que funcionavam junto às sedes episcopais, a universidade (universitas magistrorum et scholarium) tem se constituído num “centro incomparável de criatividade e de irradiação do saber para o bem da humanidade”. A presença da Igreja na universidade é inerente à sua missão de anunciadora da fé pois “a síntese entre cultura e fé não é somente uma exigência da cultura mas também da fé(…). Uma fé que não se torna cultura é uma fé que não é plenamente acolhida, inteiramente pensada e fielmente vivida”. Essa presença se expressa no apoio aos professores, alunos, pesquisadores ou colaboradores católicos comprometidos na vida universitária. A universidade católica, em virtude de sua existência, atinge o objetivo de garantir uma presença institucional cristã no mundo universitário. Como toda universidade, também a universidade católica deve estudar os difíceis problemas contemporâneos e elaborar projetos de solução que concretizem os valores religiosos e éticos, próprios de uma visão do homem.
Na Gravissimum educationis, a preocupação mais forte da Igreja é precisamente, não o que foi dito acima, mas, o cuidado espiritual sobretudo dos alunos. “Tomem a peito o cuidado pela vida espiritual dos alunos que freqüentam as universidades católicas” esta preocupação se estende também às universidades não católicas, sugerindo a criação de pensão e centro universitário católico com o objetivo de prestar “auxílio espiritual e intelectual permanente” à juventude. Nas universidades católicas onde não houver cursos ou faculdades de teologia deve-se oferecer alguma disciplina teológica para os alunos. As faculdades de teologia têm a tarefa de reproduzir os quadros da Igreja ou garantir a formação acadêmica dos sacerdotes.
Não se fala de presença de leigo nem entre alunos e muito menos entre professores das faculdades de teologia. A mulher não é citada uma única vez; aparece apenas subentendida em expressões genéricas: “todos os homens” ou simplesmente “os homens”. Não mais do que isso. É possível que em outros documentos conciliares e especialmente no documento sobre os leigos, a mulher receba algum destaque. Na Gravissimum educationis, não. No documento sobre as universidades católicas (ex corde ecclesiae) de João Paulo II, escrito 25 anos após a Gravissimum educationis o papa cita a declaração e por própria conta acrescenta a palavra mulher: “… e além disso formar todos os estudantes, de modo a que se tornem homens e mulheres verdadeiramente insignes pelo saber…”