Filósofos como Descartes puseram o pensamento do homem como o centro da sua existência. O “Penso, logo existo” do filósofo francês é um claro exemplo da sua posição acerca da subjetividade do humano. Para ele o sujeito é constituído a partir do seu pensamento, e esse como fruto de um método. Descartes ainda salienta que Deus é o ser supremo que possui toda a inteligência, porque rege a matemática e a geometria.

A filosofia existencialista terá como pano de fundo de sua consolidação duas grandes crises. Primeiramente a crise do pensamento filosófico ocidental que teve início no fim do século XIX, e é representada pela crise do Racionalismo, na qual o pensamento cartesiano está inserido. A absolutização da razão deu lugar à nova cultura, marcada pela ausência do absoluto e pela derrubada dos tradicionais sistemas filosóficos.
A segunda crise foi a da própria civilização contemporânea, que tinha depositado suas esperanças na razão, como se ela fosse resolver os problemas da humanidade. No entanto, não os resolveu. Ao contrário, no século XX, a humanidade entrou em dois conflitos mundiais.

A crise do Racionalismo e a crise da própria humanidade assolaram os homens, pois se esperava uma solução para os problemas humanos, e eles não vieram. O homem se encontra embrenhado em sentimento de angústia e desespero. Dessa forma, Jolivet afirma “Nada tomava na transcendência o lugar deixado vago pela Razão e por Deus”.

Arrasado pela “traição da razão” e desiludido pela crença em um ser supremo que o abandonou. Restou ao homem se apoiar em si mesmo, e buscou na sua subjetividade: compreender o mistério de sua existência e essência.

Para que se chegasse a essa compreensão, é necessário que o homem abandonasse a dualidade gerada pela relação entre sujeito e objeto. Era preciso partir do sujeito concreto, da sua realidade de engajamento com o mundo, no qual ele está inserido. Do seu engajamento com o próprio projeto existencial da humanidade, constituída de sujeitos independentes uns dos outros, embora independentes estão inseridos no mundo e se relacionam entre si.

Na busca da compreensão da existência, filósofos como: Gabriel Marcel, Heidegger, Nietzsche, Sartre entre outros elaboraram uma forma de pensar o sujeito que receberá o nome de “Existencialismo”. O principal interesse desses filósofos será a busca da compreensão do ‘Ser no mundo”. Pois seus pensamentos não partirão do sujeito cartesiano. Mas do sujeito engajado no mundo. Logo, suas teorias serão anti-racionalistas.

Afastando-se dos racionalistas, os existencialistas – tratarão a existência “como um símbolo de oficina e de arena onde o homem forja o seu projeto e trava a batalha quotidiana do seu próprio destino” assim disse o professor, José Maria, da Universidade Federal do Maranhão. Para os existencialistas a compreensão da existência do ser assumirá um papel importantíssimo, a ponto de ela preceder a essência. Jolivet conceituará o existencialismo como:“ o conjunto de doutrina segundo as quais a filosofia tem como objetivo a análise e a descrição da existência concreta, considerada como ato de uma liberdade que se constitui afirmando-se e que tem unicamente como gênese ou fundamento esta afirmado em si mesmo.”

Percebe-se na citação acima que o grande intuito do existencialismo é compreender o humano a partir de si mesmo – das suas liberdades, dos seus anseios e até mesmo das suas angústias. No pensamento marxista se poderia imaginar que o existencialismo parte do homem concreto e de suas relações com o mundo.

Ao se defender dos marxistas e dos cristãos que criticavam a filosofia existencialista, Sartre, em 1946 proferiu uma conferência para defender o existencialismo. O tema dela foi: “O existencialismo é um humanismo”. O ponto culminante dessa conferência foi quando o autor afirma que “a existência precede a essência”.

Isto quer dizer que o homem primeiro existe e encontra-se no mundo, após ele se define no mundo e com o mundo, porque o ser não se define sozinho, mas em contato com outros seres. No entanto, o homem é livre para fazer suas escolhas e sofrer as conseqüências delas. Sartre chega afirmar que “o homem é condenado a ser livre”.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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