“Aparecida: La Misión como nuevo Paradigma”

 

La misión en Aparecida, desde la práxis y perspectivas específicas de la Iglesia de Brasil

 

Introdução: a acolhida ao documento de Aparecida e a dimensão missionária

O documento de Aparecida encontrou uma surpreendente receptividade, em todos os âmbitos eclesiais. Esta acolhida acabou relativizando os compreensíveis limites do texto, que passou a ser tomado como ponto de partida, e como incentivo para as motivações que se busca em Aparecida.

De tal modo que até o episódio das mudanças, introduzidas indevidamente no texto acabou sendo esquecido, e superado pela perspectiva de não se tomar o texto como ponto final, mas como ponto de partida, que permite as necessárias complementações que o texto estimula.

E´ a partir desta perspectiva que podemos analisar a dimensão missionária, presente no documento de Aparecida. Para constatar o que o texto fala dela, mas também para perceber o que agora somos chamados a complementar, para que a dimensão missionária seja assumida e levada adiante, adequadamente, pela Igreja da América Latina.

Portanto, o documento de Aparecida se apresenta, sempre mais, não como um texto hermético e acabado, mas como um impulso estimulador, para que se concretize sempre melhor o “espírito de Aparecida”, que pode ser identificado nas “grandes intuições de Aparecida” (Cfr D. Demétrio Valentini – Aparecida à luz de D. Helder).

1. Recuperar a dinâmica fundamental do Evangelho

 

Agora podemos nos dar conta melhor, que o grande acerto de todo o processo da Conferência de Aparecida foi ter escolhido o caminho do Evangelho, a partir do próprio enunciado do tema central: “Discípulos e Missionários de Jesus Cristo”.

De fato, dá para descrever, de maneira bem sintética, a atividade evangelizadora de Jesus: Ele “reuniu discípulos”, “para estarem com ele”, e para depois “enviá-los a anunciar Boa Nova” (Mc 3, 14).

Esta foi a estratégia evangelizadora de Jesus: fazer discípulos, para enviá-los em missão.

Pois bem, Aparecida, assumindo esta formulação do seu tema, acabou fazendo o que o Concílio tinha tanto insistido: “voltar às fontes”, retornar ao Evangelho, para que a Igreja se renove a partir do impulso de onde ela nasceu.

Aí reside o motivo principal da credibilidade da Conferência de Aparecida. Ela se colocou em sintonia com a maior intuição da Igreja em nosso tempo: retornar ao Evangelho, de onde brotou a Igreja de Jesus, e onde ela sempre precisa reencontrar sua identidade.

Nesta síntese dinâmica do Evangelho, “discípulos e missionários de Jesus Cristo”, estão presentes as duas dimensões fundamentais da Igreja: comunhão e missão, identidade e ação, estrutura e serviço.

Das duas, a que menos ficou descrita, foi a missão. Em conseqüência, a que mais necessitada agora de complementação, é a dimensão missionária.

Por isto, o desafio maior para a Igreja da América Latina, depois de Aparecida, é definir a missão que ela precisa assumir, para responder aos apelos da realidade, e atender às urgências da “messe”, do “rebanho sem pastor”, das “multidões” que aguardavam uma palavra de orientação e de estímulo.

Falta definir melhor como deve ser a missão da Igreja na América Latina. E´ a tarefa primordial que nos incumbe agora.

2. Apelos missionários de Aparecida

 

A respeito da missão, o documento de Aparecida traz diversos apelos, com a intenção de animar os cristãos a assumirem sua missão. Em sintonia com o tema da Conferência, apela para que os “discípulos” se tornem de fato “missionários”.

Estes apelos deixam transparecer uma dificuldade especial para a missão, na suposição de que é mais fácil ser “discípulo” do que ser “missionário”. E´ mais fácil deter-se aos pés do Mestre, do que partir ao encontro de destinatários desconhecidos, correndo o risco de nem serem aceitos.

Na sua conclusão final, Aparecida intensifica estes apelos. Logo no começo do número 548, que inicia as recomendações finais, o documento diz que a Quinta Conferência queria “despertar a Igreja da América Latina e do Caribe para um grande impulso missionário”, que seria decorrente de um “novo pentecostes” que seria necessário para o nosso tempo.

Em seguida afirma que a Igreja da América Latina não pode mai ficar esperando que as pessoas venham a ela, mas ela deve “ir em todas as direções”.

Depois esclarece que os destinatários desta missão devem ser os próprios cristãos, que foram pouco evangelizados, mas que carregam tesouros preciosos, expressos pela religiosidade popular, que por sua vez precisa ser sempre confrontada com o Evangelho.

Cita as palavras de Bento XVI, que convidam “a uma missão evangelizadora que convoque todas forças vivas deste imenso rebanho” (550)

. Indica as “periferias urbanos e do interior” como destinatários privilegiadas deste novo impulso missionário, que não pode se limitar a ajudas concretas e materiais, mas também “na defesa dos seus direitos e na promoção comum de uma sociedade fundamentada na justiça e na caridade”.

Estes apelos missionários são, finalmente, concentrados num proposta ampla, mas que permaneceu indefinida, de uma “missão continental”, a ser detalhada pelo CELAM , e a ser assumida pelas Conferências Episcopais, engajando todas as dioceses.

Se a dimensão missionária ficou indefinida na Conferência de Aparecida, mais indefinida ainda ficou esta proposta de “missão continental”.

Cabe agora à Igreja da América Latina dar forma concreta, e eficácia real, a esta proposta ampla de “missão continental”.

De fato, na véspera da conclusão da Quinta Conferência, tendo sobrado um tempo para a Assembléia, enquanto as comissões concluíam a redação das emendas, foi feito um breve trabalho de grupos, com uma rápida apresentação em plenário, em torno de sugestões para dizer em que deveria consistir a “missão continental”. Tinha-se a clara impressão que tínhamos aprovado uma proposta, válida pela sua generosidade e amplidão, mas ainda vazia de consistência concreta e de metas definidas e claras.

Estava aprovada uma “missão continental”, mas ainda não se sabia nem o quê nem como fazer.

3. Missão continental – Referências indispensáveis

Ao fazer a proposta de uma “missão continental”, (551), o documento de Aparecida diz que as “linhas fundamentais” tinham sido examinadas pela própria conferência. O documento parece se referir ao trabalho de grupo, que apresentou sugestões, que não foram incorporadas ao texto, mas deixadas para serem examinadas melhor na próxima Assembléia do Celam, que já estava marcada para Havana.

E diz que esta missão se destina a “colocar a Igreja toda em estado de missão”.

Estas as referências objetivas, colocadas pelo documento, a respeito da “missão continental”. O texto prossegue com uma premente recomendação para recobrar o “fervor espiritual”, e o apelo a conservar a “doce e confortadora alegria de evangelizar” (552).

Na perspectiva de complementar agora o documento de Aparecida, cabe-nos perguntar em que deve mesmo consistir esta “missão continental”.

Alguns aspectos parecem emergir com mais força.

Em primeiro lugar, me parece que a dimensão “continental” enfatiza que toda a Igreja da América Latina e do Caribe precisa assumir, colegialmente, um claro compromisso, para se tornar uma Igreja com forte característica missionária.

A proposta de Aparecida se tornaria, assim, um forte apelo para que a Igreja da América Latina assuma um rosto decididamente missionário.

A dimensão “continental” da missão interpela fortemente cada Conferência Episcopal, que precisa sentir a força deste desafio lançado por Aparecida.

Igualmente, a dimensão missionária precisa ser assumida localmente, por cada diocese. Depende de cada diocese inserir em seus compromissos pastorais, de modo mais claro, a dimensão missionária.

Esta proposta levanta uma série de questões. Nossa Igreja está despertando para a missão? O que é preciso para que ela se torne fortemente missionária?

4. Ampliar a compreensão da dimensão missionária

 

A força do documento de Aparecida, em grande parte, decorre da intuição evangélica do seu tema central: “discípulos e missionários de Jesus Cristo”. Este enfoque evangélico ilumina todas as partes do documento, e lhe dá uma motivação especial.

Pois bem, o tema central é explicitado pelo sub-tema: “Para que nEle nossos povos tenham vida”.

Esta formulação abre caminho para entendermos de maneira mais ampla a missão que Aparecida propõe. Faz parte da missão da Igreja assumir a causa da vida dos nossos povos.

Assim, as pastorais sociais, os diversos organismos de atuação social, as diversas iniciativas de apoio à ação política dos cristãos, tudo isto faz parte da missão, e é logo recomendado por Aparecida através do seu tema central.

Portanto, uma boa estratégia para fortalecer a dimensão missionária da Igreja Latino Americana é assumir, com novas convicções, sua presença ativa na sociedade, como sal e fermento de uma cidadania impregnada de valores cristãos.

Por isto, a “missão continental” está ligada ao compromisso social da Igreja na América Latina. De fato, Aparecida já fala numa “grande missão em todo o continente”, no capítulo sétimo, ao falar da “missão dos discípulos a serviço da vida plena”. A proposta de “missão continental”, apresentada na conclusão do documento, já tinha sido anunciada no capítulo que fala do compromisso dos cristãos com a vida dos povos. Na verdade, ela já estava embutida no tema central.

 

5. Projeto missionário integrado da CNBB

A CNBB procurou elaborar e propor um “Projeto Nacional de Evangelização”.

Nele estão presentes as iniciativas mais claramente missionárias, como o envio de missionários para o Timor Leste e alguns países africanos, e dentro do Brasil para a região amazônica.

Mas o projeto procura também integrar a dimensão missionária no cotidiano da ação evangelizadora, de tal modo que a Missão inspira todas as atividades da Igreja.

 

(Segue a apresentação visual do projeto da CNBB, para posterior debate).

(*) (www.diocesedejales.org.br)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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