A Igreja sempre vem aprendendo. Ela descobre dimensões novas e reaprende as esquecidas. Durante o Concílio Vaticano II, a Igreja constatou que havia muitas pessoas que recebiam freqüentemente os sacramentos, mas poucas eram evangelizadas desconhecendo a razão verdadeira dos sacramentos. A Igreja também descobriu que, ainda com longas filas para confissão e comunhão, a maldade no mundo aumentou muito. Os padres destacaram a importância da gente ficar de “bem com Deus,” mas sem se lembrar da importância do mandamento de Jesus, de ficar de bem um com o outro. Foi por isso que os bispos do Concílio procuraram mudar a liturgia, procuraram devolver ao leigo a sua missão original na Igreja e tentaram modificar a nossa compreensão dos sacramentos.

Eis a razão deste escrito. É necessário que todos vejam de novo o ensinamento dos sacramentos. Precisamos dar maior importância aos sacramentos na nossa vida, a importância que Deus quer que tenham. Veremos como os sacramentos não são coisas que a gente “recebe,” que não são atos que o padre faz, não. Os sacramentos são partes da vida da comunidade cristã, são etapas na libertação da comunidade de fé, que é a Igreja.

Vamos comparar o nosso relacionamento com Deus com as nuvens. Quando as nuvens estão longe da terra, elas fazem uma sombra fraca e nada mais. Mas quando elas chegam perto da terra, pode cair a chuva. Assim, quando o homem se põe longe de Deus, o homem impede a ação de Deus na sua vida. Mas quando os homens se reúnem em nome de Jesus Cristo, deixam Deus livre para agir no grupo de acordo com as necessidades de cada um. Assim fazem também os Sacramentos.
Uma comunidade cristã de fé, que se chama Igreja, é nada mais do que uma grande família de cristãos. O que a família pequena faz, a grande comunidade cristã faz. A família recebe novos membros pelo nascimento. As crianças vão crescendo na família, aprendendo pequenas responsabilidades até a sua juventude. O jovem tem uma vida mais livre e mais responsável na família que a criança. Ele pode começar a tomar certas decisões por si mesmo. Ele pode começar a trabalhar, ter sua educação formal longe de casa, e decidir sobre sua futura profissão. Com mais maturidade, ele pode escolher o seu par, se casar e formar a sua própria família. Esta família do novo casal une as duas famílias de onde os noivos vieram. Aqui se vê os três passos do processo da integração de uma pessoa numa família: nascimento e infância, adolescência e juventude, e maturidade e casamento.

Há também ocasiões festivas nas quais os membros da família festejam junto com um grande jantar e música. Estas festas promovem a união da família. Há outras ocasiões dolorosas em que a família se acha dividida por brigas e mal-entendimentos. Todos sofrem até o dia emocionante do perdão e da reconciliação dos encrencados. Em toda família há dias de aflição e preocupação quando algum membro adoece ou morre. E, finalmente, se parássemos um instante para refletir e relembrar o passado de uma família, poderíamos ver que geralmente houve um membro com uma sabedoria que os outros reconheceram. Este membro teve uma autoridade natural sobre a liderança dos outros. Em tempo de decisão, os outros procuraram a opinião desse membro –quando comprar ou vender uma casa, quando internar um doente, como planejar uma grande festa ou um enterro. Com a passagem dos anos esta autoridade diminuiu numa pessoa e começou a aumentar numa outra. Esta reflexão sobre a família é necessária para a gente ver que uma comunidade cristã tem também todos estes atos característicos. E estes atos oficiais das comunidades cristãs são os sacramentos—atos com o poder da fé da comunidade reunida.

Os sacramentos são justamente os atos das comunidades cristãs nas ocasiões acima. Os sacramentos são as ações de Deus que vive e age, como ele prometeu, através da sua comunidade cristã, a sua Igreja,reunida em seu nome. Em Mt 18:19-20 podemos ver, então, como os sacramentos não são atos à parte nem de fora da celebração comunitária, mas sim atos formais e públicos da vivência da comunidade de fé. É a fé que liga esta comunidade ao seu Deus e que permite que Deus aja livremente nela. Foi assim que São Paulo escreveu: “Deus aceita os homens por meio da fé que eles têm em Jesus Cristo.” Rom 3:22 “Assim, é da fé que as promessas de Deus dependem.” Rom 4:16 Como são as nuvens próximas da terra que trazem benefícios, é a fé da comunidade cristã, reunida no nome de Cristo, que liberta o poder de Deus pelos sacramentos.
Vou tentar lhes mostrar como isso é verdade aos poucos, olhando os sacramentos um a um.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]