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Outro dia passava um gato branco pelo quintal. Pequeno, arrepiado, rosto triste como alguém que sofre do mal de fígado e anda sempre de mal humor. Que pobre bichinho triste, andando desconfiado. O gato em si já é um animal sério, não sorri, higiênico (só faz cocô na terra e cobrindo tudo, mas independente, se não lhe derem comida ele vai procurar. O gato triste que passava pelo quintal estava visivelmente doente e abandonado por quem o criou, bem podia ser perigoso transportador de alguma doença a alguém da vizinhança.

O cachorro, tido como o animal mais amigo do ser humano, é capaz de manifestar sua alegria, sua tristeza e sua raiva, protege o dono da sua casa. Enxotado, sempre volta abanando o rabo, num gesto de perdão. Este também pode se tornar perigoso, se descuidado de tratos pelos donos. Pode transmitir doenças como pira, kalazar e outras doenças.

Esses são alguns dos animais ditos domésticos, como a galinha, o peru e o cavalo, entre outros. Todos usados e não respeitados pelos seres humanos. O peru e a galinha são cultivados para panela e forno e o cavalo, para transporte e carga. Triste sina da galinha que morre para a festa de aniversário, e o peru que mesmo garboso diante de uma perua, morre para a festa de natal dos seres humanos. Já o cavalo, tão elegante, pacífico, fica horas e horas no sol quente amarrado em torno de um capim amassado, com sede, pois o dono só vem buscá-lo para colocar a sela e passear, quando não, para botar cangalha e sacos de produtos para a feira.

Há outros animais que nunca deveriam ser domesticados, ou aprisionados para deleite de insensíveis pessoas, que fazem deles negócio ou simplesmente para contemplá-los. Tome-se o papagaio, o simpático louro verde amarelo. Tão dócil, aprende a falar, assobiar e até a cantar. Come qualquer coisa. O papagaio é lindo e inteligente. Mas tê-lo em casa, cortar as asas para não voar, oferecer alimentos fora de seu cardápio natural é malvadeza pura, é crueldade.

Assim faziam os invasores portugueses ao chegarem ao Brasil, achavam os índios exóticos e logo prendiam um, amarravam e levavam em seus navios para presenteá-lo a alguém de sua estimação. Assim hoje, quem põe um animal em cativeiro, um pássaro em gaiola para seu deleite é cruel. Pensando bem, é mais que um crime, é imoral. Como também o dono daquele gatinho pirento e triste, é imoral, deixá-lo abandonado. Pobre gatinho arrepiado, doente do fígado talvez, mal humorado, cheio de dores talvez, uma criatura de Deus com certeza.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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