Djanira Silva 21 de julho de 2009

Durante muito tempo relutei em voltar. Para mim me bastava fechar os olhos e assim abrir uma porta para dentro de outro mundo. De repente, tudo estava lá, real, vivo à minha frente. Deslizava pelas paredes alcançando a porta e, feito quadros pendurados nas salas e nos corredores as cenas se desenrolavam. Isto, sempre, durante todos aqueles anos decorridos num átimo de tempo e que agora parecia-me uma eternidade. Minha vida era o assunto de uma longa história cheia de lutas, derrotas e desistências. É verdade que algumas vezes pensei em parar de lutar, aguardar que as coisas se fizessem que tudo acontecesse por milagre. Valeria a pena esperar? A única coisa que tenho de real, de verdadeiro é o sonho. Desde que comecei a aprender o mundo, entendi que o homem sem sonhos não é nada. Meus pensamentos destacavam-se um a um em detalhes, sem explicações, um mundo que me parecia obscuro onde eu me reconhecia quase intolerável. Davam-me notícias de um ontem que tenho vontade de esquecer, apagar da minha história jogar num escuro qualquer desses que guardo comigo. E se ficasse no meio do caminho? Como saber a hora certa?

 

Obs: Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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