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Conflitos entre latifundiários e o Movimento Sem Terra até que não é difícil de se entender. Afinal, é a luta de classes viva, conflito de interesses da burguesia rural e dos pobres lavradores organizados. Mas como entender as constantes brigas entre ministros do mesmo governo? Especialmente as brigas entre o ministro do meio ambiente e outros ministros? por que brigas constantes? que interesses tão divergentes uns e outros defendem? Até um subalterno do ministério dos transportes puxa briga com o ministro do meio ambiente. Como entender as diferentes causas dessa família trapo?
Observe-se alguns exemplos dessas brigas intestinas. A construção de uma rodovia entre Manaus e Porto Velho gerou um cabo de guerra até agora. A fonte dessa briga é que o maior interessado naquela construção é o atual ministro dos Transportes que, não por acaso, é o Sr. Nascimento, próximo candidato ao governo do Amazonas. E por que a pressa dessa obra? É que o tempo urge e as eleições para governador serão no próximo ano e, sabe como é, os que mais querem a estrada são os empresários da Zona de Manaus, que certamente os que mais generosamente financiam campanhas eleitorais, o que não é segredo, nem ilegal, desde que feito de acordo com as regras.
Acontece que aquela possível futura estrada já existiu ao tempo da ditadura militar e desapareceu, causando mais um grande desastre ecológico. Daí, o ministro Minc bate os dois pés no chão e garante que se não forem garantidos 14 requisitos exigidos pelas leis ambientais ele não dará licença ambiental para a construção da estrada. Se o ministro Nascimento bater também o pé e forçar a barra de iniciar a construção, através de seu preposto do Denit, certamente que a obra será embargada judicialmente e aí mais uma briga de ministros e o presidente “paizão” irá apartar a briga e pode-se até imaginar quem ganhará a questão, mesmo com prejuízo para a Amazônia.
Neste ponto o pirotécnico Sr. Minc tem razão. Porém não é só esse caso a fonte de encrencas ministeriais. A queixa do subalterno do Sr. Nascimento dos Transportes é que também 2.107 kms de obras estão paradas hoje, ou por falta de recurso (como é o caso do asfaltamento da rodovia Santarém Cuiabá), ou por maus serviços embargados pelo Tribunal de Contas da União. Outras obras do PAC sofrem atrasos por violação de leis ambientais, como são os casos das hidrelétricas do rio Madeira e do rio Xingu.
Quem passa vexame, se é que ele se incomoda, é o presidente da república que faz discursos entusiasmados, cheios de promessas, que ficam distantes da prática, entre outras razões pelo choque de interesses entre seus ministros. A ex ministra, a senadora Marina Silva abandonou o barco porque havia muitos pilotos para um só leme e ela era a mais franzina em muitos sentidos. Sua causa era a defesa da Amazônia e as causas de outros sempre foi a dilapidação dos povos e biodiversidade da Amazônia para gerar lucros o mais rápido possível.
O Sr. Minc vai no mesmo caminho, embora talvez ele ficará com um pé dentro e outro na água, já que ele adora um palco e uma platéia, mas apenas para ser um bobo na corte de El Rei… Quando a busca de lucro a qualquer custo e a generosidade de capachos se dispõe, quem paga o preço são a sociedade e o meio ambiente, mesmo que os discursos sejam “heróicos brados retumbantes…” Pobre Amazônia que tem poucos filhos dispostos a não fugir da luta. Que belo exemplo nos dão os índios peruanos e bolivianos.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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